Concertação é fundamental e África mostra resiliência, avaliam analistas
No 'webinar' organizado pela revista African Banker, Lucie Villa destacou que, apesar deste aspecto positivo, todas as nações serão afectadas pela pandemia, não só em termos de saúde pública, mas também em termos económicos
Os analistas que participaram ontem na conferência virtual sobre os mercados africanos destacaram que a concertação a nível mundial sobre o combate à pandemia da Covid-19 é fundamental e elogiaram os Governos africanos pela resiliência.
“Uma nota positiva da pandemia da Covid-19 é a concertação de políticas a nível supranacional a que estamos a assistir e que, embora seja apenas um começo, é uma coisa positiva”, disse a analista de risco soberano da Moody's Lucie Villa, responsável também pelo acompanhamento da economia de Moçambique.
No 'webinar' organizado pela revista African Banker, Lucie Villa destacou que, apesar deste aspecto positivo, todas as nações serão afectadas pela pandemia, não só em termos de saúde pública, mas também em termos económicos.
“O nível de incerteza para 2020 é invulgarmente elevado, todas as economias vão ser afectadas, com um foco especial nas economias dependentes da exportação das matérias-primas”, como é o caso de Angola e de Moçambique, apontou a analista.
Na mesma linha, o director do departamento dos mercados globais do banco Absa, George Asante, elogiou os países africanos pela resiliência, mas destacou a importância de ter mercados locais mais desenvolvidos.
“Os mercados financeiros mostraram algum nível de resiliência, pelo menos quando comparado com a última crise, mas podíamos fazer melhor, particularmente em África, onde a capitalização dos mercados ainda vale menos de 20% do PIB, quando nas economias desenvolvidas este valor é o dobro ou o triplo”, apontou.
Os bancos centrais, concluiu, “deviam potenciar a criação de mercados de capitais mais fortes”.
Questionado sobre qual a principal conclusão do 'novo normal' que os países enfrentam, com as medidas de isolamento social, abrandamento das economias e limitação das trocas comerciais, a directora do centro de pesquisa The Africa List, Nieros Oyegun, respondeu que “os líderes estão agora mais cientes da importância das finanças, estão a melhorar a percepção do futuro, já que os recursos continuam lá”.
Para esta empresária, “a crise não é uma questão africana, é uma questão global, e os líderes empresariais africanos mostraram grande qualidade no aproveitamento dos recursos que têm, com muita colaboração e aproveitando o financiamento, que é acessível e está disponível”.
Números
O número de mortos em África devido à Covid-19 subiu para 8.856, mais 238 nas últimas 24 horas, em cerca de 336 mil casos, segundo os dados mais recentes.
A pandemia já provocou quase 482 mil mortos e infectou mais de 9,45 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
“Uma nota positiva da pandemia da Covid-19 é a concertação de políticas a nível supranacional a que estamos a assistir e que, embora seja apenas um começo, é uma coisa positiva”, disse a analista de risco soberano da Moody's Lucie Villa