“O Livro dos Nomes de Angola”
Aristóteles Kandimba é um escritor e activista sócio-cultural que tem uma forte preocupação pela preservação dos valores endógenos angolanos. Isto está bem patente na obra que ele lançou no princípio deste ano em Luanda, depois de o ter feito em Portugal.
Amigos, linguistas e estudiosos das culturas e línguas bantu e suas variantes – incluindo o músico Bonga Kwenda, que escreveu o prefácio e contribuiu com alguns nomes - colaboraram nesta obra que levou quase uma década a ser elaborada, numa viagem que começou quando o autor/organizador morava em Amesterdão (Holanda). São mais de 2000 nomes de 10 grupos étnicos e seus subgrupos, com os respectivos significados, origens etimológicas e personagens da história e da mitologia.
Desde muito jovem, Aristóteles Kandimba sente a responsabilidade de divulgar a cultura angolana mundialmente e, com esta obra, como contou ao Jornal de
Angola, “sente-se mais perto” dos seus objectivos.
“Fui muito bem recebido pelo meu povo, o povo angolano, e vi estrelinhas nos olhos de muita gente que me foi conhecer pessoalmente no lançamento do livro. Foi um momento muito especial para todos nós. O livro em Angola foi adquirido como se fosse vitamina C. A demanda continua muito forte e espero regressar logo que as condições permitirem”, disse ele, que esteve em Angola expressamente para lançar o livro, em Janeiro deste ano.
“Os nossos nomes tradicionais fazem parte da expressão filosófica das nossas civilizações bantu, que foram interrompidas pelas nações coloniais. Infelizmente, ainda vivemos os traumas da violência psicológica do colonialismo português. Vemos tudo isso também na rejeição dos nomes de origem africana”, explicou Kandimba.
Aristóteles Kandimba aprendeu muito cedo em casa, com o pai - Alexandrino Amândio Coelho “Kandimba”, historiador, filósofo e economista - a valorizar as suas origens. “Com esta obra espero mudar o pensamento dos angolanos que negam essa identidade ou que se envergonham dos nossos nomes. Também espero motivar os serviços do Registo e Identificação Civil a mudarem de mentalidade, porque, em muitos casos, e de forma humilhante, têmnos proibido de registar os nossos recém-nascidos com nomes que nos pertencem, que nos ligam às nossas identidades, e que são nosso direito como africanos”.