Jornal de Angola

Cadeia de São Paulo foi tomada em Maio de 1974

- Rui Ramos

A publicação, neste jornal, dos acontecime­ntos vividos a 15 de Julho de 1974, quando um grupo de militares que estava integrado no exército português rumou para o Comando Geral do Exército colonial, na então Fortaleza de S. Miguel (hoje Museu Militar), despertou as mais variadas reacções, por entre os que neles participar­am e que ainda estão entre nós e outros que desconheci­am o facto. Manuel Aragão, hoje juiz conselheir­o presidente do Tribunal Constituci­onal, foi um deles e conta que, após a marcha, os militares angolanos, na voz do então alferes Américo de Carvalho, exigiram que fossem autorizado­s a defender os musseques das investidas assassinas dos taxistas, tendolhes sido confiada a então cadeia de S. Paulo para servir de base operativa. Rui Ramos, jornalista desta casa de imprensa e antigo combatente, autor do texto, decidiu fazer a seguinte correcção sobre a tomada da cadeia de S. Paulo em 1974:

“A tomada da Cadeia de S. Paulo de que se fala no texto foi logo em Maio de 1974 e não o que aconteceu em Julho. Um grupo de militares angolanos no exército português, juntamente com um pelotão de militares portuguese­s comandado por um capitão (RI20), cercou o forte que estava ainda sob controlo da Pide-DGS. Bateram no portão e, não aparecendo ninguém à porta, um militar arrancou lá de trás, bateu no portão por duas vezes, alguém então abriu o postigo e o militar gritou:

“em nome do povo angolano e do exército português abram o portão, viemos tomar o forte”. Os militares entraram, foram recebidos por responsáve­is da Pide-DGS no local, que lhes foram dizendo que nunca tinham feito mal a ninguém. O forte ficou então à guarda dos militares portuguese­s (RI20) que passaram a utilizá-lo para armazenage­m de armamento confiscado pelas patrulhas mistas.

Numa segunda fase, em Julho de 1974, depois do dia 15, é verdade, o Juiz Manuel Aragão tem razão, devido ao sucesso dos patrulhame­ntos conjuntos nos bairros e ao desarmamen­to da população, o Comando militar português cedeu o quartel ao efectivo angolano, em conversaçõ­es mantidas com alguns alferes angolanos no Exército Português. Por terem sido dois momentos distintos e o que escrevi poder ter provocado confusão,apresentoa­sminhas desculpas tanto aos leitores como ao juiz Manuel Aragão.”

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