Londres admite suspender acordo de extradição com Hong Kong
O Reino Unido admitiu, ontem, suspender o acordo de extradição com Hong Kong, na sequência da aprovação das novas leis de segurança impostas pela China no território semi-autónomo. O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, adiantou que o Governo reviu o acordo de extradição com Hong Kong, ex-província britânica, sobre o qual falará ao Parlamento, hoje.
No início do mês, a Austrália suspendeu o acordo de extradição com Hong Kong, em resposta às novas leis de segurança impostas pela China, que alguns críticos consideram a erosão do estado de Direito e das liberdades naquele território.
A lei sobre a Segurança Nacional imposta a Hong Kong pelo Governo Central da China visa reprimir a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras. O ministro britânico acusou, também, Pequim de "graves e flagrantes" violações de direitos humanos contra os uigur, minoria muçulmana de origem chinesa, na província de Xinjiang (na ponta ocidental da China).
"Estamos a analisar isto com os nossos parceiros internacionais. É muito preocupante", admitiu, em entrevista à cadeia BBC.
Além das questões relacionadas com Hong Kong e a minoria uigur, a tensão entre o Reino Unido e a China aumentou, também, porque Londres decidiu, na semana finda, proibir o gigante de telecomunicações Huawei de se envolver na rede móvel 5G britânica.
Em resposta, o embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, avisou que Pequim dará "uma resposta firme" se o Reino Unido sancionar as autoridades chinesas sobre as alegadas violações de direitos humanos contra a minoria uigur, que classificou de "acusações falsas". O embaixador realçou que não gostaria de ver acontecer o mesmo com o Reino Unido o que aconteceu com os EUA, que impuseram sanções a altos quadros do Governo chinês acusados de violações dos direitos humanos contra a população uigur, às quais Pequim prometeu retaliar.
Organizações de defesa dos direitos humanos acusam Pequim de deter arbitrariamente, em campos de doutrinação política, em Xinjiang, mais de um milhão de uigures. As autoridades de Pequim nega e garante que os muçulmanos estão em centros de treino vocacional, destinados a ajudar os uigures a encontrarem emprego e a manterem-se longe do extremismo islâmico, que pode criar outras situações contra estas minorias no país.