Despedimentos anunciados
Os despedimentos em Angola - consumados e por consumar-, recentemente anunciados, apenas causam espanto a quem vive noutro mundo, pois há muito eram previsíveis, tal o estado a que chegou o país. A crise económica mundial, que, no nosso país não é de hoje, acentuada, mas não causada somente pela queda do preço do petróleo, agravouse com o surgimento do novo coronavírus que pôs a descoberto a Angola real, que nada tem a ver com a da fantasia criada por grupos restritos que a transformaram no “reino das mil maravilhas” ... para eles, parentes e amigalhaços, em detrimento da esmagadora maioria. Era o tempo no qual as palavras nepotismo, impunidade e roubo ganharam conteúdo e relevância sobre a honestidade. Pela primeira, encheram-se organismos estatais e empresas públicas de “pesos mortos”, com frequência em funções para as quais não estavam, não estão, jamais hão-de estar minimamente habilitados, mas que, rapidamente, aprenderam não ser preciso trabalhar para viver à larga, com a certeza de não serem despedidos. Aquele “país de sonho”... para minorias interligadas e de desesperança para os outros acabou, mesmo que lhe sobrem vícios adquiridos que hão-de levar tempo a aniquilar. Não fosse isso, não estávamos hoje, como Nação, tão mal preparados para enfrentar a crise económica e até a pandemia do novo coronavírus, que custa dinheiro e muito. Por todas aquelas circunstâncias, entre variadíssimas, a hora é de redução de gastos, que inclui o afastamento de “pesos mortos” das instituições estatais e empresas públicas, que é, em simultâneo, forma de reconciliação com verdade. O que se deseja é que, como às vezes sucede, “não pague o justo pelo pecador”.