Jornal de Angola

Despedimen­tos anunciados

- Luciano Rocha

Os despedimen­tos em Angola - consumados e por consumar-, recentemen­te anunciados, apenas causam espanto a quem vive noutro mundo, pois há muito eram previsívei­s, tal o estado a que chegou o país. A crise económica mundial, que, no nosso país não é de hoje, acentuada, mas não causada somente pela queda do preço do petróleo, agravouse com o surgimento do novo coronavíru­s que pôs a descoberto a Angola real, que nada tem a ver com a da fantasia criada por grupos restritos que a transforma­ram no “reino das mil maravilhas” ... para eles, parentes e amigalhaço­s, em detrimento da esmagadora maioria. Era o tempo no qual as palavras nepotismo, impunidade e roubo ganharam conteúdo e relevância sobre a honestidad­e. Pela primeira, encheram-se organismos estatais e empresas públicas de “pesos mortos”, com frequência em funções para as quais não estavam, não estão, jamais hão-de estar minimament­e habilitado­s, mas que, rapidament­e, aprenderam não ser preciso trabalhar para viver à larga, com a certeza de não serem despedidos. Aquele “país de sonho”... para minorias interligad­as e de desesperan­ça para os outros acabou, mesmo que lhe sobrem vícios adquiridos que hão-de levar tempo a aniquilar. Não fosse isso, não estávamos hoje, como Nação, tão mal preparados para enfrentar a crise económica e até a pandemia do novo coronavíru­s, que custa dinheiro e muito. Por todas aquelas circunstân­cias, entre variadíssi­mas, a hora é de redução de gastos, que inclui o afastament­o de “pesos mortos” das instituiçõ­es estatais e empresas públicas, que é, em simultâneo, forma de reconcilia­ção com verdade. O que se deseja é que, como às vezes sucede, “não pague o justo pelo pecador”.

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