Covid-19 e falta de água
O asseio de pessoas e espaços, privados ou públicos, indispensável no combate à pandemia, com a qual somos obrigados a conviver, é missão que a maioria dos luandenses, por razões diversas, dificilmente pode cumprir.
A água é indispensável a tudo e todos. Está por descobrir forma de a substituir, nem o popularizado álcool em gel, nunca tão utilizado como agora, com o qual, por exemplo, não se pode cozinhar, tomar banho - embora haja quem se cubra com ele da cabeça aos pés - e os que experimentaram bebêlo não tiveram tempo para contar a experiência. Ora, numa província como Luanda, onde ela, com frequência, escasseia nas torneiras domésticas, mesmo quem a paga, não raro a custo, como se quem atende o consumidor, em local próprio, lhe esteja a fazer grande favor - para ser mal servido já lhe basta não ser avisado de eventuais razões para os cortes no fornecimento - é extremamente difícil participar, na plenitude, no combate ao coronavírus.
Em piores condições, somente os que vivem em zonas nas quais não há canalizações, sequer chafarizes. Resta-lhes, aos que podem, comprá-la em bidões - os outros que se desenvencilhem ... forçados, assim, a contribuir para a manutenção de um negócio abjecto feito às claras.
A falta de água nas casas dos luandenses, sejam quais forem os motivos, é a mesma que mantém os espaços públicos sujos, nojentos em alguns casos, mas, estranhamente, também, a que se vê, jorrar, dias a fio, semanas, até meses, em ruas, becos, largos e passeios para gáudio dos lavadores de carros, de quem se aproveita dela para a vender, lavar roupa e tomar banho na via pública.