Jornal de Angola

Seres humanos estão fora da dieta

- Osvaldo Gonçalves

Muito referidos na comunicaçã­o social, em especial no cinema, os ataques de leões a seres humanos são esporádico­s e acontecem apenas quando os felinos sentem o seu habitat invadido. Leões famintos atacam homens, mas eles preferem manterse longe da espécie.

Por ano cerca de cem pessoas morrem por ataques de leões, o mesmo número que os elefantes, mas menos que os tigres e os veados, que matam anualmente 120 seres humanos. No caso dos paquiderme­s, as fatalidade­s acontecem por pisoteamen­to, enquanto as mortes que envolvem os antílopes ocorrem devido aos acidentes de carro causados pelos animais ao atravessar­em as estradas.

Menores em tamanho, mas mais letais para os seres humanos são as medusas, responsáve­is por 150 mortes por ano. Nas costas de água salgada, elas são um perigo real e o mais curioso é que as menores são as mais venenosas.

Ainda assim, esses números estão longe do das fatalidade­s causadas por crocodilos, dos poucos animais que vêem o ser humano como fonte de alimento. Mais de mil mortes acontecem por ano, além dos feridos.

Na lista de animais que mais mortes de pessoas causam por ano, aparece em quarto lugar o cão. O melhor amigo do homem causa 25 mil mortes por ano, suplantado pela serpente. As mordeduras de cobras, estimadas em 5,4 milhões por ano, com 2,5 milhões de envenename­ntos, são considerad­as pela Organizaçã­o Mundial da Saúde como uma das doenças tropicais mais negligenci­adas. Estudos apontam para a ocorrência de entre 50 e 100 mil ataques mortais por ano.

Nada comparado com o mosquito. Por ano, morrem de malária 600 mil pessoas. Somados os óbitos causados por outras doenças provocadas pela picada do mosquito, como a dengue e a chicungúni­a, o número de mortes eleva-se a 750 mil.

Como é óbvio, tais estatístic­as estão muito aquém das mortes de seres humanos causadas por seus semelhante­s. É impossível calcular o número de pessoas que sucumbem a cada ano nas guerras, atentados, acidentes, poluição e crimes. O ser humano é o animal que mais mata os da sua própria espécie sem razões de sobrevivên­cia.

O filme “Os Caçadores da Noite” (The Gost a n d t h e Darkness), realizado por Setephen Hopkins, com Val Kimer, John Kani e Michael

Douglas, baseado no livro “The Man-Eater of Tsavo”, de John Peterson, conta a história de dois leões sem juba que causaram o terror naquela localidade queniana em 1889. Extremamen­te inteligent­es, os leões entravam nas cabanas dos moradores, matavamnos e arrastavam-nos até à caverna onde viviam.

A narrativa pode ser interpreta­da como sinal de resistênci­a da população local, já que esta alegava que os leões eram na verdade espíritos de dois chefes tradiciona­is que se opunham à construção da ferrovia. Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora, dos prémios BAFTA e Globo de Ouro, indicado para a categoria de Melhor Filme e Melhor Director, o filme, tal como o livro, retrata uma situação pontual, em que sobressai a disputa ente britânicos, franceses e alemães para tomarem posse do continente africano. Não representa o modo de ser e estar dos leões.

Por ano cerca de cem pessoas morrem por ataques de leões, o mesmo número que os elefantes, mas menos que os tigres e os veados, que matam anualmente 120 seres humanos

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