Jornal de Angola

O basquetebo­l agradece a dedicação e empenho do heptacampe­ão africano

Miguel António “Camuloge”, falecido a 3 de Agosto do ano corrente, ocupava o cargo de vice-presidente para a bola ao cesto do Grupo Desportivo Interclube e foi o principal impulsiona­dor da modalidade no escalão sénior feminino

- Melo Clemente

Aos 58 anos, Miguel António “Camuloge”, natural do Lobito, província de Benguela, partiu a 3 do mês em curso para a eternidade e deixa a família desportiva angolana, em particular a do basquetebo­l, em estado de choque.

O finado deu início à prática desportiva na terra natal, e tornou-se treinador a posterior. Em Luanda, atingiu os píncaros do dirigismo desportivo.

“Camulas”, como era tratado pelos mais próximos, ajudou a construir o “império” do Grupo Desportivo Interclube, fundamenta­lmente, no basquetebo­l, no qual ocupou durante anos a vice-presidênci­a da agremiação adstrita à Polícia Nacional.

Sob a sua liderança, a equipa de basquetebo­l sé-nior feminina do Interclube tornou-se numa das grandes referência­s no continente africano com cinco anéis continenta­is. A melhor equipa de África deixa para trás equipas da Nigéria, Senegal, Costa do Marfim, Congo, República Democrátic­a do Congo (RDC), República de Moçambique, entre outras nações.

O surgimento de equipas satélites no interior do país, nomeadamen­te, em Benguela e na Huíla, a nível do sector feminino, teve a chancela do carismátic­o dirigente. Miguel António “Camuloge” sempre contou com o apoio incondicio­nal da direcção do clube quer na gestão de Fernando Alves Simões quer na de José Martinez.

Aliás, o ex-dirigente foi um dos defensores fervorosos do basquetebo­l feminino angolano, que atravessou várias etapas até aos dias de hoje.

Já com a equipa sénior masculina, o Interclube perde por escasso um ponto de diferença (66-67) a primeira e a única final da Taça dos Clubes Campeões Africanos, em 2005, diante do ABC da Costa do Marfim, disputada em Abidjan. Manuel Sousa “Necas” era o timoneiro principal da turma da Polícia Nacional.

Internamen­te, o Interclube rivaliza com as principais equipas do basquetebo­l nacional, designadam­ente, Petro de Luanda e 1º de Agosto, após a desistênci­a do Recreativo do Libolo e Sport Libolo e Benfica.

A pujança de Miguel António “Camuloge” era algo natural. A sua forma de estar veio a acentuar ainda mais a partir do momento em que opta pelo dirigismo desportivo, de acordo com António Celestino Sofrimento Manuel, que lamentou o seu desapareci­mento físico.

“É uma tristeza muito grande que se juntou ao desapareci­mento de Edgar Cunha, também antigo basquetebo­lista. Quando chegámos aqui no basquetebo­l, Edgar era um jovem atleta do Luanda e treinado por Eduardo Baptista Moscavide. Camuloge foi daqueles dirigentes que interessav­am e, muito sinceramen­te, gostaria que aparecesse­m mais Camuloges. Era um indivíduo com ideias claras, muito próprias e influencio­u tomadas de decisões”, lamentou de forma profunda uma das grandes figuras do basquetebo­l angolano.

Sofrimento relembra com nostalgia a figura de Miguel António.

“Conheci-o ainda nos

Dínamos de Benguela. Recordo-me de um episódio disciplina­r, que teve na altura, e transferiu-se posteriorm­ente para Luanda em representa­ção das cores dos Dínamos. Mais tarde, apostou no dirigismo desportivo”, relembrou o antigo secretário-geral da FAB.

Anúncio surpreende­nte

Contra todas as expectativ­as, Miguel António “Camuloge” surpreendi­aàfamíliad­esportiva angolana. Em Junho do ano em curso, assumiu a intenção da candidatar-se à presidênci­a de direcção do Interclube, após largos anos a ocupar o posto de vice-presidente para o basquetebo­l da agremiação afecta à Polícia Nacional.

Depois de apresentar os argumentos de razão, quer no Jornal de Angola quer na Rádio Cinco, para abraçar o desafio de ser o candidato, Camuloge voltou a surpreende­r ao integrar a lista de Alexandre Canelas, que foi confirmado como o novo homem forte do Interclube para o ciclo olímpico 2020/24 na segunda quinzena de Julho último.

O surgimento de equipas satélites no interior do país, nomeadamen­te, em Benguela e na Huíla, a nível do sector feminino, teve a chancela do carismátic­o dirigente. Miguel António “Camuloge”

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Obras do antigo dirigente, cujo funeral ainda não foi realizado continuam a ser enaltecida­s

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