Plano Nacional de Leitura e municipalização do livro
A solução gradual dos grandes problemas que o ensino angolano enfrenta passa por empreender um conjunto de acções conjugadas, numa agenda que incluiria a criação de um Plano Nacional de Leitura, existente em muitos países europeus, constituindo um documento orientador que abordaria questões como estudos sobre atitudes e comportamentos sobre a leitura perante as modernas tecnologias da esfera comunicacional, identificação dos factores que inibem o desenvolvimento da linguagem, e suas implicações na aprendizagem da leitura e da escrita.
O processo de municipalização e promoção do livro e da leitura, é um desafio de natureza multissectorial que envolve, sobretudo, as instituições ligadas ao ensino, da indústria gráfica e das finanças. O estado, através da comunicação social, deve promover o debate à volta das questões que se relacionam com a criação, produção, edição, promoção e distribuição do livro.
É possível criar um fundo para o incentivo à importação do livro técnico, leitura e criação literária, incluindo a construção e implementação de bibliotecas escolares e o relançamento de empresas do ramo da distribuição do livro e similares, projectos que poderão estar associados ao lançamento do Plano Nacional de Leitura, regulando os desígnios perniciosos do mau uso das redes sociais.
A divulgação do livro, através de feiras e festivais literários, para além de promover a generalidade da criação e dos criadores, complementa o sistema literário, dinamizando um processo que inclui a promoção e defesa dos direitos do autor, do editor, do importador, do livreiro, do distribuidor e pode motivar o exercício da crítica literária, uma prática que recai sobre um ente fundamental neste ciclo, a recepção, entendase o público leitor.
O Estado, a sociedade e as associações culturais devem estar atentas ao crescente movimento criativo e editorial angolano, que, no passado, teve momentos gloriosos de edição, sobretudo depois da independência, e, no presente, vem dando sinais de qualidade concorrencial, e consequente afirmação internacional. De facto, uma reflexão que se pretenda séria, sobre a qualidade dos vários momentos da criação, produção, edição, distribuição e promoção do livro e da leitura nas suas vertentes, educativa, sociológica e histórica, resvala sempre de forma directa, na problematização dos factores que inibem a evolução da qualidade do sistema de ensino e, consequentemente, do sucesso escolar.