Jornal de Angola

PGR apreende prédios ligados a São Vicente

Serviço de Recuperaçã­o de Activos da PGR apreendeu, igualmente, três edifícios da AAA e a rede de hotéis IU e IKA

- Nilza Massango

A Procurador­ia-Geral da República (PGR)apreendeu, ontem, 49 por cento das participaç­ões sociais da AAA Activos no Standard Bank de Angola, S.A., sob gestão de Carlos Manuel de São Vicente.

Segundo um comunicado de imprensa, o Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos da PGR apreendeu, igualmente, três edifícios AAA e o edifício IRCA, na avenida Lénine, na Nova Marginal, na Avenida 21 de Janeiro e na rua Amílcar Cabral, em Luanda, também esses sob gestão de Carlos Manuel de São Vicente.

Foi, igualmente, apreendida a rede de hotéis “IU” e “IKA”, todos localizado­s em Luanda. O comunicado informa que o mandado de apreensão é extensivo aos edifícios situados nas restantes províncias do país, com excepção dos que se encontram sob gestão do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.

Como fiéis depositári­os foram nomeados o Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE), para as participaç­ões sociais, e o Cofre Geral de Justiça, para os edifícios e rede de hotéis.

A PGR informa que as apreensões decorreram no âmbito do processo nº 12A/2020-SNRA, aberto por haver fortes indícios dos crimes de peculato, participaç­ão económica em negócio, tráfico de influência­s e branqueame­nto de capitais.

Em nota distribuíd­a à imprensa, o Standard Bank de Angola, S.A (SBA) informa que foi, formalment­e, notificado pelo Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos da PGR sobre a apreensão da participaç­ão social minoritári­a de 49 por cento da

AAA Activos, Lda. no SBA.

O banco disse estar a colaborar com as autoridade­s competente­s, bem como a trabalhar em articulaçã­o com o Banco Nacional de Angola.

O Standard Bank esclarece que o processo em curso “não envolve o SBA, mas apenas o seu accionista minoritári­o AAA Activos, Lda.” e nem afecta a operação diária nem a gestão executiva da instituiçã­o.

Mandados afixados

Ontem, a reportagem do Jornal de Angola constatou, por volta das 13 horas, que o edifício sede das AAA, na Nova Marginal, já tinha afixado à porta de entrada o mandado de apreensão. Os poucos funcionári­os que se encontrava­m no edifício recusaram-se a dar qualquer informação, mas disseram que estavam cientes da nova condição em que a empresa se encontra.

O antigo edifício-sede da mesma empresa, que se encontra fechado há algum tempo, também tinha afixado o documento da PGR. Tratase do edifício situado nas Ingombota, junto ao Cine Tropical, inaugurado em Novembro de 2005, pelo exPresiden­te da República, José Eduardo dos Santos.

Depois de afixados os mandados de apreensão, os hotéis IKA e IU, no município de Talatona, em Luanda, continuara­m com o trabalho habitual. Um funcionári­o do hotel IKA explicou que a PGR chegou, no início da tarde, afixou o mandado e esclareceu que se podia continuar o trabalho normal e que se tratava de uma apreensão sem o abandono imediato das instalaçõe­s.

“Recebemos a informação de que o hotel não vai fechar e as actividade­s vão continuar até que haja um desfecho do processo de investigaç­ão”, disse um jovem, que ficou surpreso com a presença da PGR no local.

No IKA, havia trabalhado­res e hóspedes na recepção. Os serviços hoteleiros vão continuar a funcionar na normalidad­e. Trata-se de um edifício de cor amarela e branca, com seis andares, com 150 quartos. Tem cerca de 70 trabalhare­s e foi inaugurado em Abril de 2019.

Os dois edifícios “IU”, de cor rosa e branca, localizado­s no mesmo recinto do hotel IKA, em Talatona, têm cinco andares e 60 quartos cada. Foram inaugurado­s em Novembro de 2016, pelo então ministro da Hotelaria e Turismo, Paulino Domingos Baptista.

A PGR informou, na semana passada, que estava a investigar, em colaboraçã­o com as autoridade­s suíças, vários casos e negócios que envolvem a seguradora AAA, incluindo os 900 milhões de dólares bloqueados na Suíça, atribuídos ao empresário Carlos Manuel de São Vicente.

Vários meios de comunicaçã­o social noticiaram o congelamen­to de 900 milhões de dólares pertencent­es ao antigo PCA da seguradora AAA, São Vicente, por suspeitas de branqueame­nto de capitais.

O mandado de apreensão é extensivo aos edifícios situados nas restantes províncias, com excepção dos que se encontram sob gestão do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Edifício sede da AAA na Nova Marginal foi igualmente apreendido pela Procurador­ia-Geral

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