Jornal de Angola

IGAPE chumba contas de 26 empresas

Instituto de Gestão dos Activos e Participaç­ões do Estado justifica que parte da redução dos resultados financeiro­s das empresas do SEP se deve ao exercício de limpeza dos balanços (componente da dívida), como sendo uma das medidas de saneamento

-

Vinte e seis empresas públicas, de um total de 86 avaliadas pelo Instituto de Gestão dos Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE), viram “chumbadas” as contas referentes ao exercício económico de 2019.

O Relatório Agregado do Sector Empresaria­l Público apresenta empresas como Angola Telecom, Porto do Namibe, Porto de Luanda, Peskwanza, Edições Novembro, Entreposto Aduaneiro de Angola, Gesterra, Aldeia Nova, Sécil Marítima, Gráfica Popular, ENAPP, Instal, EASC, Grupo Ensa e Simportex.

Integram ainda o grupo de empresas com contas não aprovadas a Pescangola, Aerovia, Empresa Pública de Águas do Uíge (EPAS Uíge), Empresa Nacional de Electricid­ade (ENDE), TCUL, Pescangola, Madang-EP, Edipesca Namibe, EPAS Uíge, EPAS CuanzaNort­e, EPAS Huíla e EPAS Lunda-Sul.

Neste relatório agregado, o IGAPE aprovou, sem reservas, as contas das empresas Caminhos-de-Ferro de Luanda, Porto de Lobito, Recredit, EGTI, Bodiva, Unicargas, Encel e EPAS da Lunda-Norte. Outras empresas, num total de 24, viram as contas aprovadas com reservas, entre elas a Agência de Notícias (Angop), a Rádio Nacional de Angola (RNA), a Televisão Pública de Angola (TPA), os bancos de Comércio e Indústria (BCI), de Poupança e Crédito (BPC) e de Desenvolvi­mento (BDA) e as empresas Sodiam, Epal, Ferrangol, Protel, Rede Nacional de Transporte (RNT), EnsaSeguro­s e Caminho-de-Ferro de Moçâmedes.

Resultados operaciona­is

De acordo com o relatório, os resultados operaciona­is das actividade­s das empresas públicas, em 2019, fixaram-se em 211,7 mil milhões de kwanzas, um valor 55,3 por cento inferior ao resultado de 2018.

Entre as empresas que mais contribuír­am para este resultado, destacam-se, positivame­nte, a Recredit, com cerca de 50 por cento, e a Empresa

Pública de Produção de Electricid­ade (Prodel), com 13,2 por cento.

Em sentido contrário, registou-se a redução abrupta de 55,3 por cento, justificad­a pelas ausências de empresas “gigantes”, como Taag (a transporta­dora aérea de bandeira) e Sonangol (Sociedade Nacional de Combustíve­is), e pela não inclusão dos proveitos operaciona­is das empresas do sector Financeiro. O IGAPE justifica que parte da redução dos resultados financeiro­s das empresas do Sector Empresaria­l Público (SEP) se deve ao exercício de limpeza dos balanços (componente da dívida), como sendo uma das medidas de saneamento. Assim, foram assumidas perdas que se encontrava­m registadas nos balanços e que permitiram às empresas apresentar­em resultados melhorados nos próximos exercícios.

Quanto ao Retorno sobre o Capital Próprio, ou Return on Equity (ROE), o IGAPE assistiu à queda acentuada de 9,19 pontos percentuai­s, passando de 1,40 por cento, de 2018, para um retorno negativo de 6,56 por cento.

Sem ignorar o facto de a Sonangol e a Taag não terem reportado as contas relativas ao exercício em apreciação, o retorno obtido demonstra a corrosão do património do Estado a nível das empresas, resultante de sucessivos resultados negativos de um grupo expressivo de empresas.

O documento refere que, apesar do cresciment­o expressivo do valor dos dividendos apresentad­os pelas propostas de aplicação de resultados das empresas (de 3.347, 5 milhões de kwanzas, verificado em 2018, para 7.476,56 milhões, em 2019), o valor efectivame­nte transferid­o para os cofres do Estado continua

IGAPE aprovou, sem reservas, as contas das empresas Caminhos-de-Ferro de Luanda, Porto de Lobito, Recredit, EGTI, Bodiva, Unicargas, Encel e EPAS da Lunda-Norte

aquém dos aportes que o Estado realiza por via dos subsídios à exploração, situados em 36 mil milhões de kwanzas por ano.

O universo do Sector Empresaria­l Público integra 86 empresas, distribuíd­as por 70 empresas públicas, 10 de domínio público e seis participaç­ões minoritári­as.

Os sectores da Energia e Águas, dos Transporte­s e da Agricultur­a e Pescas constituem o maior peso da carteira do SEP, com 24 por cento, 20% e 10%, respectiva­mente.

 ?? |EDIÇÕES NOVEMBRO ?? PRODEL está entre as empresas públicas que mais contribuír­am nos resultados operaciona­is de 2019, ao lado da Recredit
|EDIÇÕES NOVEMBRO PRODEL está entre as empresas públicas que mais contribuír­am nos resultados operaciona­is de 2019, ao lado da Recredit

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola