Antigo ministro da Defesa chefia a transição no Mali
O antigo ministro da Defesa, Bah N'Daw, foi ontem nomeado oficialmente para o cargo de Presidente de transição. A cerimónia de tomada de posse está marcada para sexta-feira
O antigo ministro da Defesa do Mali, Bah N'Daw, foi nomeado, ontem, Presidente de transição pelo Comité Nacional para a Salvação do Povo do Mali, anunciou o chefe da Junta, o coronel Assimi Goita à televisão nacional. Nascido em 1950, Bah N´Daw fez carreira na Força Aérea . Em 2014, depois de se ter reformado, assumiu o cargo de ministro da Defesa em substituição de Soumeylou Boubéye Maiga.
O coronel na reforma vai conduzir a transição no país ao lado do chefe da Junta Militar que organizou o golpe de Estado contra o Presidente Ibrahim Boubacar Keita. Goita assume o cargo de vicePresidente.
Os dois homens têm a missão de governar o Mali durante os próximos 18 meses, período definido pela Junta como necessário para uma transição política menos disruptiva possível antes da marcação de novas eleições.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e o Movimento 5 de JunhoUnião de Forças Patrióticas (M5-RFP)- composto pelos partidos da oposição que lideraram a onda de protestos contra Keita e que negociaram com a Junta Militar um roteiro de tran sição-exigiram que o Presidente de Tran sição fosse civil e não militar. A escolha de N´Daw, ex-coronel, pode ser vista como a solução intermédia apresentada pelo Comité Nacional e resta saber se a CEDEAO e o M5-RFP vão aceitar.
A cerimónia de tomada de posse está marcada para sextafeira, dia 25 de Setembro. O novo Presidente deverá servir o país como Chefe de Estado durante 18 meses, antes de os civis regressarem ao poder.
Este anúncio surge após várias semanas de disputas entremalianos,sobreanatureza civil ou militar do poder no período de transição, e da pressão recorrente da Comunidade EconómicadosEstadosdaÁfrica Ocidental (CEDEAO), sobre a Juntaparaumarápidanomeação de personalidades civis.
Ainda na semana passada, a 16 de Setembro, os líderes dos países da África Ocidental aceitaram uma transição política no Mali de 18 meses, em vez de um ano, pedida pela Junta Militar, que assumiu o poder após o golpe de Estado que ocorreu no dia 18 de Agosto, com uma condição: que o Presidente e Primeiro-Ministro fossem civis.
“Nós, Chefes de Estado e de Governo, tomamos nota de que a duração da transição política será de, no máximo, 18 meses, contados a partir de 15 de Setembro de 2020”, lê-se num comunicado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) divulgado a 16 de Setembro.
Além disso, entre as decisões acordadas em Acra, durante a cimeira extraordinária de dirigentes do bloco regional, que contou com a presença do chefe do Comité Nacional de Salvação do Povo do Mali, o coronel Goita, consolidou-se, também, a reivindicação, repetida em várias ocasiões, de que os dois chefes da transição seriam civis e o CNSP “se dissolvia imediatamente após instalado o período de transição”.
O prazo pedido à Junta Militar pela CEDEAO terminou a 16 de Setembro.
O anúncio surge após várias semanas de disputas sobre a natureza civil ou militar do poder no período de transição, e da pressão recorrente da CEDEAO