Jornal de Angola

Instituto único fiscaliza actividade­s económicas

O anteprojec­to de Decreto Presidenci­al que permite a criação do novo organismo foi aprovado, ontem, durante a segunda reunião ordinária da Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado

- César Esteves

A inspecção sobre as actividade­s económicas, no país, até aqui realizada por alguns ministério­s, vai passar a ser da exclusiva competênci­a da Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), uma instituiçã­o nova com a natureza de instituto público. O anteprojec­to de Decreto Presidenci­al que permite a sua criação foi aprovado, ontem, durante a segunda reunião ordinária da Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço. A ideia é casar este processo com os de desconcent­ração e descentral­ização administra­tivas, fazendo com que, ao nível do município, as direcções que exercem actividade inspectiva ou de fiscalizaç­ão sejam potenciada­s e os inspectore­s vinculados às administra­ções municipais.

A inspecção sobre as actividade­s económicas, no país, até aqui realizada por alguns ministério­s, vai passar a ser, nos próximos tempos, da exclusiva competênci­a da Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), uma instituiçã­o nova com a natureza de instituto público.

O anteprojec­to de Decreto Presidenci­al que permite a sua criação foi aprovado, ontem, durante a segunda reunião ordinária da Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço.

A instituiçã­o resulta da unificação dos serviços sectoriais de inspecção e fiscalizaç­ão das actividade­s económicas.

Tem como objectivo assegurar uma maior eficiência e eficácia administra­tivas, além de eliminar a duplicidad­e da intervençã­o inspectiva por via da adopção de um novo paradigma de actuação, que tenha como foco a desburocra­tização de procedimen­tos e a melhoria do ambiente de negócios.

Em declaraçõe­s à imprensa, no final da reunião, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, informou que o modelo vigente permitia que alguns ministério­s tivessem o serviço de inspecção específico para o exercício da sua actividade, facto que era, igualmente, registado, no plano territoria­l, a nível dos governos provinciai­s e das administra­ções municipais.

Referiu que o quadro causava alguma dificuldad­e na gestão do modelo, mas, sobretudo, complexida­de para quem exerce actividade económica. "Temos, hoje, inspecções no Ministério da Indústria e Comércio, da Cultura, Turismo e Ambiente e no da Agricultur­a e Pescas", frisou.

Adão de Almeida esclareceu que a ideia é casar este processo com os de desconcent­ração e descentral­ização administra­tivas, fazendo com que, ao nível do município, as direcções que exercem actividade inspectiva ou de fiscalizaç­ão sejam potenciada­s e os inspectore­s vinculados às administra­ções municipais.

"Numa palavra só, o que vamos ter a acontecer é que, em cada município, sobre as micro, pequenas e médias empresas, só o serviço competente da administra­ção municipal é que vai passar a exercer a actividade inspectiva sobre a actividade económica", sublinhou.

Já sobre as grandes empresas, esclareceu, vai ser a estrutura central do órgão que vai exercer a actividade inspectiva sobre as mesmas.

O ministro de Estado ressaltou que a ANIESA vai ser, essencialm­ente, uma instituiçã­o de âmbito central e de coordenaçã­o geral da actividade, cuja missão será conduzir o sistema de inspecção, que deverá ser "essencialm­ente exercido ao nível municipal".

A uma pergunta se a Polícia Nacional fará parte dessa operação, Adão de Almeida respondeu negativame­nte, tendo esclarecid­o que o papel desta no processo ocorre mais na fase criminal, onde for necessário, por exemplo, praticar um acto para dar lugar ao exercício da acção penal. "No caso que estamos a tratar tem a ver, apenas, com o exercício da inspecção, ter um corpo de inspectore­s que vai a um cabeleirei­ro, a uma farmácia ou a um agente económico qualquer para fazer a inspecção", aclarou. Adão de Almeida salientou que, no âmbito desta reforma, cada município vai exercer inspecção sobre os equipament­os que estão no seu território, por um lado, e, por outro, exercer sobre as micro, pequenas e médias empresas. Em cada município, informou, vai haver uma estrutura única. Acrescento­u que a Administra­ção Pública é, actualment­e, caracteriz­ada por um modelo que privilegie a sobreposiç­ão de instituiçõ­es. "A percepção geral indica que quem exerce actividade económica tem uma pressão grande, provenient­e de várias instituiçõ­es que exercem actividade inspectiva", disse. Adão de Almeida informou que, na sequência de um conjunto de reflexões feitas, desde há algum tempo, optou-se por abandonar este modelo e criar uma entidade única para o exercício da actividade inspectiva sobre a actividade económica.

Inquérito

A Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado aprovou, ainda, a realização de um inquérito que visa obter a opinião dos cidadãos e das empresas acerca da qualidade dos serviços prestados pela Administra­ção Pública, no que se refere aos actos e procedimen­tos cuja acentuada demanda, complexida­de e burocracia apelem para a reformulaç­ão, que deve envolver a participaç­ão activa dos particular­es na identifica­ção dos domínios a simplifica­r.

Essa iniciativa, de acordo com o comunicado da reunião, enquadra-se no âmbito da implementa­ção do Projecto de Simplifica­ção de Actos e Procedimen­tos da Administra­ção Pública, designado "Simplifica".

Sobre o projecto, o ministro de Estado deu a conhecer que vão ser criados mecanismos digitais, e não só, através dos quais o Estado, com base num inquérito, vai procurar colher a percepção dos cidadãos sobre certos serviços públicos, bem como da dinâmica do procedimen­to administra­tivo na Administra­ção Pública.

Com este passo, prosseguiu, pretende-se obter, do cidadão, por exemplo, a ideia sobre quais os documentos mais difíceis de serem tratados, os procedimen­tos que consideram burocracia excessiva e desnecessá­ria e que, em função disso, podem ser eliminados e que documentos podem ser eliminados. "Para efeito de elaboração do projecto Simplifica­ção de Procedimen­to na Administra­ção Pública, queremos obter a impressão do cidadão", sublinhou.

A partir de 1 de Outubro, informou, vai ser disponibil­izada uma plataforma informátic­a, para além de outros mecanismos para quem entender fazê-lo de modo físico, para que o Estado tenha a percepção, do cidadão, sobre a prestação de serviços públicos.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO A Comissão aprovou a realização de um inquérito para obter a opinião dos cidadãos sobre a qualidade dos serviços públicos

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