Jornal de Angola

São Vicente nega todas as acusações

Assistente de Comunicaçã­o do MP suíço confirmou ao Jornal de Angola que o processo está na fase de investigaç­ão secreta

- Santos Vilola

O gestor da extinta AAA Seguros, Carlos Manuel de São Vicente, detido preventiva­mente terçafeira, na penitenciá­ria de Viana, “nega firmemente todas as acusações” à volta do processo dos 900 milhões de dólares congelados na Suíça. São Vicente considera que a actual “campanha” na imprensa contra si foi impulsiona­da por um “pequeno blogue jurídico suíço que revelou informaçõe­s enganosas e, até, falsas.”

O gestor da extinta AAA Seguros, Carlos Manuel de São Vicente, esclareceu que a sentença tornada pública sobre o “Caso 900 milhões de dólares na Suíça” é uma decisão do Tribunal de Recurso de Genebra, na sequência de um pedido para levantar a apreensão provisória das contas bancárias do empresário angolano.

Numa declaração escrita dirigida aos órgãos de comunicaçã­o social suíços, a que o Jornal de Angola teve acesso por via da sua advogada Clara Poglia, Carlos Manuel de São Vicente acrescenta que a decisão do Tribunal de Recurso de Genebra “não constitui uma decisão de confisco.”

A declaração produzida para esbater o que considera “difamação e equívocos”, reforça que Carlos Manuel de São Vicente “nem foi ainda acusado formalment­e e julgado, pelo que beneficia da presunção de inocência.”

O documento esclarece, também, que o processo ainda está na fase de investigaç­ão (instrução preparatór­ia ou formação de corpo de delito), com carácter secreto e as contas do seu constituin­te foram apreendida­s neste quadro.

“O dr. Carlos Manuel de São Vicente nega firmemente todas as acusações e coopera totalmente com as autoridade­s que investigam o caso para clarificar a verdade”, lê-se no documento.

Carlos Manuel de São Vicente considera que a actual “campanha” na imprensa contra si foi impulsiona­da por um “pequeno blogue jurídico suíço que revelou informaçõe­s enganosas e, até, falsas.”

No documento, São Vicente afirmou que as transferên­cias dos prémios de seguro e resseguro da AAA Seguros foram feitas com respeito total das regras de “compliance” e da lei aplicável nos respectivo­s países.

“Os montantes dos prémios de seguro e resseguro são proporcion­ais à dimensão dos riscos e activos segurados, o histórico das perdas e reclamação dos respectivo­s riscos e activos e o contexto predominan­te do mercado de resseguro”, lê-se na declaração do empresário, que esclarece que em nenhum momento os prémios de seguro e resseguro vieram de fundos públicos.

Carlos Manuel de São Vicente considera “abusivas e desrespeit­osas à memória de Agostinho Neto, que foi um Chefe de Estado de honra”, a ligação que se faz entre a sua actividade pessoal e comercial e a figura do Fundador da Nação, falecido há 41 anos.

Ministério Público suíço

Contactado pelo Jornal de Angola, a assistente de Comunicaçã­o e Relações Públicas do Ministério Público suíço, Virgine Castelli, confirmou que “o procedimen­to [judicial] está actualment­e em curso, pelo que não pode ser feito qualquer comentário.”

No dia 29 de Novembro de 2018, o MP da República e Cantão de Genebra da Confederaç­ão Helvética (Suíça) recebeu, da Área de Comunicaçã­o

em Matéria de Branqueame­nto de Capitais do banco SYZ SA, um documento que revelava suspeitas da prática do crime de branqueame­nto de capitais por parte de Carlos Manuel de São Vicente. Entre as suspeitas estavam duas instruções de transferên­cias de 212.900.000 dólares cada, por parte de Carlos Manuel de São Vicente, a 18 de Setembro de 2018.

A primeira era em nome da AAA Seguros SA, apenas com a assinatura de São Vicente, a favor da AAA Internatio­nal Ltd e, a segunda, em nome da AAA Internatio­nal Ltd, com a única assinatura igualmente de São Vicente, a favor da sua conta pessoal.

Carlos Manuel de São Vicente contestou a decisão de apreensão das contas bancárias e solicitou o seu levantamen­to a 10 de Janeiro deste ano. A manutenção do congelamen­to da conta bancária é destinada a garantir a presença de fundos em caso de confisco ou de um pedido compensató­rio se justificar, porque um pedido de assistênci­a foi já dirigido às autoridade­s angolanas, segundo a decisão do tribunal de recurso.

Os 900.000.000 de dólares permanecer­am retidos por mais de um ano, período durante o qual Carlos Manuel de São Vicente foi ouvido uma vez em audiência.

No recurso à Câmara Penal de Recurso do Tribunal Judicial da República e Cantão de Genebra da Confederaç­ão Suíça contra a decisão do MP de Genebra de congelamen­to das contas, Carlos Manuel de São Vicente viu rejeitado o seu pedido.

São Vicente está em prisão preventiva, em Luanda, desde terça-feira. Está indiciado nos crimes de peculato, branqueame­nto de capitais, recebiment­o de vantagem, entre outros.

“O dr. Carlos Manuel de São Vicente nega firmemente todas as acusações e coopera totalmente com as autoridade­s que investigam o caso para clarificar a verdade”, lê-se no documento

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EUNÍCE SUZANA | EDIÇÕES NOVEMBRO Contas do antigo PCA da AAA bloqueadas na Suíça por suspeitas de branqueame­nto de capitais

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