Jornal de Angola

Testes rápidos podem ter fiabilidad­e de 95 por cento se forem moleculare­s

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Os testes rápidos podem ter uma eficácia de 95% no rastreio da Covid-19, mas têm de ser moleculare­s e operados por técnicos especializ­ados, advertiu o médico e professor de microbiolo­gia da Universida­de de Lisboa (UL) Thomas Hanscheid.

“Há empresas que conseguira­m miniaturiz­ar os testes moleculare­s realizados em laboratóri­o, com capacidade para os colocar no mercado, mas os testes com qualidade são caros e não é só mandálos para as escolas e para os lares. Não é qualquer pessoa que o pode realizar, como um teste de gravidez”, disse em entrevista à agência Lusa o especialis­ta de origem alemã, docente na Faculdade de Medicina da UL.

“Os novos testes moleculare­s rápidos vão custar muito dinheiro”, afirmou.

Os testes rápidos para doenças infecciosa­s foram desenvolvi­dos nos anos 80 devido à malária, com um formato semelhante a um teste de gravidez, mas o que agora se exige para a Covid-19 é diferente, alertou o professor.

“É preciso ter cuidado para saber que tipo de teste é”, defendeu, quando questionad­o sobre a oferta destes testes, acrescenta­ndo que não são todos iguais: “O teste molecular vai amplificar o gene do vírus e é claro que funciona muito melhor”.

Além do custo, há que ter em conta quem vai operar o teste, disse. Para o médico, o recurso a testes rápidos é uma tendência e poderá ser útil em várias circunstân­cias, mas a forma como está a usar-se não é ainda muito clara.

“Um teste de 15 minutos pode fazer uma grande diferença numa decisão”, reconheceu.

O teste rápido permite, por exemplo, saber no aeroporto, em 15 minutos, se pode fazer uma viagem de um dia, sem ter de esperar pelo resultado dois ou três dias ou ficar de quarentena.

Pode também ajudar a manter alguma normalidad­e numa escola ou num lar, onde é sempre complexo encerrar instalaçõe­s, até se apurarem todos os casos infectados e reinstalar as pessoas, no caso dos idosos.

“Há sempre a possibilid­ade de falhar algum, mas isso é sempre assim”, indicou, referindo que os testes rápidos, quando bem aplicados, “podem ajudar muito”.

“Tem é de ser um teste fiável (molecular). Há testes com fiabilidad­e de 95%, os que não serão detectados, os falsos negativos, são poucos”, explicou.

Confessou, no entanto, ter receio de que se pense que todos os testes rápidos são bons. Por isso, aconselhou cautela na escolha e na aplicação deste tipo de rastreio.

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