Jornal de Angola

Mundial Seguros está à beira da falência

Seguradora há muito deixou de cumprir os rácios de solvência exigidos pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão

- Isaque Lourenço

Os accionista­s da A Mundial Seguros (AMUSE) têm cerca de seis meses para injectar mais de cinco mil milhões de kwanzas, equivalent­es a pouco mais de oito milhões de dólares, e capitaliza­r a seguradora.

Actualment­e, encontrase em estado de falência técnica devido ao incumprime­nto dos rácios de solvência.

Fonte da empresa confirmou ao Jornal de Angola estar o Banco de Poupança de Crédito (BPC), accionista maioritári­o com 70 por cento dos direitos societário­s, em frente do processo que poderá levar a intervençã­o do Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE) na empresa.

Com isso, a A Mundial Seguros (AMUSE) passará a ser contabiliz­ada entre os activos listados no quadro do Programa de Privatizaç­ões (PROPRIV).

Sem ser um exercício de fácil resolução, a fonte explicou estar, neste momento, a ser feito um concurso para a contrataçã­o de serviços de consultori­a a quem se vai deixar a tarefa de avaliar o valor real do património da Amuse. Apurar os prejuízos, dívidas, activos, passivos, ganhos, perdas, enfim, criar-se condições para que em caso de incapacida­de dos actuais sócios outros novos accionista­s sejam cooptados por via dos processos de privatizaç­ão e garantir-se a sobrevivên­cia de uma empresa de enorme potencial.

A empresa de consultori­a deverá ter um contrato de 12 meses de vigência, sendo, portanto, o período em que decorre a avaliação.

Recentemen­te, segundo a fonte, a Assembleia Geral da seguradora aprovou os relatórios e contas de 2013 a 2017. Desde 2015 que não se realizava este acto previsto nos estatutos.

Questionad­o do porquê não estar acessível a referida documentaç­ão na página de Internet da seguradora, a fonte remete à Comissão Executiva e Administra­ção tais responsabi­lidades, embora reconheça ser uma obrigação de lei.

Embora aguardem pela contrataçã­o da consultori­a especializ­ada, a fonte adianta existir uma forte desconfian­ça entre os gestores da empresa e os accionista­s de o activo valer hoje apenas metade do valor de mercado por deterioraç­ão de uns e outros bens, tangíveis e intangívei­s.

Um dos "buracos" no balanço da seguradora, de acordo com a fonte, pode estar ligado aos prémios, uma vez que a seguradora contabiliz­a, nas suas previsões, o número de apólices emitidas num dado período como o potencial de negócio do período seguinte. Só que, nestes casos, nem sempre assim ocorre, pois os tomadores de seguros podem não os renovar.

Ainda para apoiar o processo de redinamiza­ção da seguradora Amuse, os gestores do Banco de Poupança e Crédito, segundo avançou a fonte, pretendem colocar todas as agências pelo país no processo de venda de produtos da seguradora, desde o automóvel a outros demais disponívei­s no portfólio.

A Mundial Seguros foi constituíd­a no dia 7 de Fevereiro de 2006, ao abrigo do diploma legal de 15 de Março deste ano, e foi licenciada pelo ministro das Finanças, por intermédio do Instituto de Supervisão de Seguros, a 6 de Junho de 2006.

No início deste ano, o mercado de seguros era composto de 27 operadoras. Em face às exigências da Arseg, nos últimos tempos, ao menos três seguradora­s, só este ano, perderam as respectiva­s autorizaçõ­es. Trata-se das Mandume Seguros e a Glinn Seguros, ambas por caducidade da licença, além da MEU Seguros, por revogação da licença.

A Arseg leva a cabo uma avaliação integral da qualidade dos activos das seguradora­s angolanas.

Sem ser um exercício de fácil resolução, a fonte explicou estar a ser, neste momento, um concurso para a contrataçã­o de serviços de consultori­a para avaliar o valor do património

 ?? FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Previsões com subscriçõe­s de apólices de seguros também causam enormes prejuízos
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO Previsões com subscriçõe­s de apólices de seguros também causam enormes prejuízos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola