Defendido ensino da vida de Neto nas escolas
O deputado à Assembleia Nacional Ovídio Pahula defendeu, ontem, a necessidade de inserção da vida e obra de Agostinho Neto no sistema de ensino, pelo seu contributo para a Independência de Angola e de vários países da África Austral.
O parlamentar do círculo provincial do Cunene falava numa palestra sobre a vida e a obra do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, na Mediateca António Didalelwa, em Ondjiva, uma iniciativa do Secretariado Provincial da JMPLA, em saudação ao Dia do Herói Nacional, assinalado a 17 de Setembro.
O prelector lembrou que Agostinho Neto posicionouse, perante as autoridades portuguesas e a comunidade internacional, para a necessidade do fim da exploração colonial e o início do processo de transição política do país.
Segundo Ovídio Pahula, a palestra teve como objectivo dar a conhecer aos jovens o contributo de Agostinho Neto como estadista que idealizou a luta contra a opressão colonial e levou ao alcance da Independência Nacional.
O primeiro secretário provincial da JMPLA no Cunene, Ireno Nambalo, apelou aos jovens a encarnar a dimensão humanista de Agostinho Neto.
Nascido a 17 de Setembro de 1922, António Agostinho Neto foi Presidente de Angola de 11 Novembro de 1975 até 10 de Setembro de 1979, altura da sua morte.
Filho do pastor da Igreja Metodista Unida Americana e professor, Agostinho Pedro Neto, e da professora Maria da Silva Neto, Agostinho Neto fez os estudos secundários no Liceu Nacional Salvador
Correia, em Luanda.
Licenciou-se, depois, em Medicina na Universidade de Lisboa, Portugal, onde desenvolveu intensa actividade política, no seio dos movimentos de estudantes e jovens independentistas africanos, e casou-se com Maria Eugénia Neto, escritora, poetisa e jornalista.
Neto foi, na década de 50, secretário-geral da delegação (em Coimbra - Portugal) da Casa dos Estudantes do Império e membro fundador do Centro de Estudos Africanos, em conjunto com Amílcar Cabral (Guiné-Bissau), Mário Pinto de Andrade (Angola), Marcelino dos Santos (Moçambique) e Francisco José Tenreiro (Angola).
Mais tarde, tornou-se fundador do Clube Marítimo Africano. Devido à sua participação activa nos movimentos estudantis nacionalistas, foi preso diversas vezes pela Polícia Política Portuguesa (PIDE), dando origem a campanhas internacionais de solidariedade para a sua libertação.
Em 1962 subiu à presidência do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Ao longo da década de 70, liderou as actividades políticas e de guerrilha do MPLA e o processo de descolonização (1974/75) a partir de Argel (Argélia) e Brazzaville (República do Congo) até ao seu regresso a Angola, a 4 de Fevereiro de 1975.
Na literatura, destaca-se com “Náusea” (1952), “Quatro Poemas de Agostinho Neto” (1957), “Com os olhos Secos”, edição bilingue português - italiano (1963), “Sagrada Esperança” (1974), “Renúncia Impossível” (edição póstuma 1982) e “Poesia” (edição Póstuma 1998).