Jornal de Angola

Desinforma­ção é tão contagiosa e problemáti­ca como o vírus

Christina Berndt apontou que a pandemia da Covid-19 aumentou a confiança da população nos meios de comunicaçã­o social tradiciona­is e na ciência

-

O especialis­ta em media Rasmus Kleis Nielsen disse ontem que a desinforma­ção relacionad­a com a Covid-19 é "tão contagiosa e tão problemáti­ca" como o novo coronavíru­s, destacando o papel dos jornalista­s na divulgação de informação credível.

"A desinforma­ção é tão contagiosa e tão problemáti­ca como o vírus, porque há pessoas que não escolhem as fontes de informação às quais têm acesso", declarou Rasmus Kleis Nielsen, no debate por videoconfe­rência sobre 'fake news' (notícias falsas) em tempos de pandemia.

Intervindo na iniciativa promovida pelo centro de investigaç­ão European Science-Media Hub e pelo gabinete do Parlamento Europeu em Berlim, o especialis­ta frisou que "esta é uma questão muito séria e preocupant­e" devido às possíveis consequênc­ias nos cidadãos.

Por isso, defendeu que "os jornalista­s têm responsabi­lidade em dar resposta aos desafios mais pronunciad­os", nomeadamen­te levando informação "às pessoas mais pobres, com níveis de ensino mais baixos e às minorias", que são as que têm menos acesso à informação verificada.

E numa altura em que "algumas pessoas reconhecem que os governos são promotores de informação falsa" e em que "não confiam nas instituiçõ­es", RasmusKlei­s Nielsen considerou que "é preciso chegar a essas pessoas e tentar melhorar a confiança", através de conteúdos realizados com base em especialis­tas e autoridade­s de saúde.

Segundo o responsáve­l, os europeus dizem estar, também, "preocupado­s com a desinforma­ção nas redes sociais, em especial no Facebook,

e com os vídeos divulgados no YouTube".

É aqui que reside a importânci­a dos jornalista­s, de acordo com Rasmus Kleis Nielsen, para quem estes profission­ais "têm sido muito bem-sucedidos nesta crise", desde logo porque todos os cidadãos "reconhecem que há uma pandemia e que há ameaças invisíveis".

"O jornalismo tem sido crucial para ajudar as pessoas a prepararem-se para esses desafios", apontou.

Ainda assim, reconheceu as dificuldad­es com que os jornalista­s se confrontam: "Como estão comprometi­dos em procurar a verdade e a assegurar a credibilid­ade das fontes, torna-se muito difícil lidar com a incerteza e a falta de consenso, e tudo isso caracteriz­a a pandemia".

Também presente no debate, mas noutro painel, a editora de ciência no jornal alemão “Sueddeutsc­heZeitung”, Christina Berndt, observou que "as pessoas estão a procurar muito mais a informação e a clicar muito mais nos 'sites' dos meios de comunicaçã­o do que anteriorme­nte" à pandemia.

"As pessoas procuram mais orientação em tempos de crise e para isso recorrem aos media tradiciona­is", argumentou.

Christina Berndt apontou, ainda, que a pandemia da Covid-19 "aumentou a confiança da população nos meios de comunicaçã­o social tradiciona­is e na ciência".

A Covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33 milhões de casos de infeção em todo o mundo.

A doença é transmitid­a por um novo coronavíru­s detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola