Alpha Condé pede voto aos seguidores
O Presidente cessante da Guiné-Conacri, Alpha Condé, apelou, ontem, aos elementos da sua etnia para se unirem em torno da sua candidatura a um terceiro mandato, qualificando a próxima eleição presidencial como uma “guerra” entre Governo e a oposição.
“Esta eleição não é apenas uma eleição, é como se estivéssemos em guerra”, disse Condé, em língua mandinga, aos apoiantes em Siguiri, o seu reduto eleitoral.
O discurso foi feito através de uma videoconferência, que foi transmitida na televisão nacional. “Os outros candidatos formaram um bloco para me combater”, sublinhou, referindo-se à recente decisão dos 11 opositores de constituírem uma formação colectiva para falarem a uma só voz sobre o processo eleitoral, tendo em conta as suspeitas sobre a validade das listas eleitorais.
No primeiro discurso de campanha em 19 de Setembro último, também em mandinga, Alpha Condé advertiu os eleitores em Kankan (Leste do país) contra a tentação de entregarem os votos a outro candidato dessa comunidade.
“Votar num candidato mandinga que não seja do RPG (União do Povo da Guiné), partido no poder, é o mesmo que votar em Cellou Dalein Diallo”, afirmou Condé, referindo-se ao seu principal opositor, membro da etnia fula.
“Na região de Fouta, não há outro candidato para além de Cellou”, disse, numa alusão à região de Fouta-Djalon (no Centro do país), bastião eleitoral de Diallo, cuja população maioritária é de etnia fula.
Os fula e os mandinga são as duas principais comunidades do país, que, juntas, representam a grande maioria da população. “Vocês não esqueceram o que aconteceu depois da morte de Sékou Touré”, o primeiro Presidente do país, em 1984, acrescentou Condé, numa referência ao saque de bens pertencentes aos mandinga, após a tentativa falhada do então PrimeiroMinistro, Diarra Traoré, membro daquela comunidade, de tomar o poder no ano seguinte.
Condé, actualmente com 82 anos, foi em 2010 o primeiro Presidente democraticamente eleito da Guiné-Conacri, depois de décadas de regimes autoritários, tendo sido reeleito em 2015.