Macron acusa políticos de “traição colectiva”
O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que os partidos libaneses têm “uma última oportunidade” para cumprirem promessas e tomou nota da “traição colectiva” da classe política, que não conseguiu, ainda, formar um Governo após a demissão do Primeiro-Ministro.
Emconferência de imprensa, no domingo, citada ontem, pela AFP, Emmanuel Macron disse ter tomado nota do "acto de traição colectiva” da classe política libanesa, que “tem a inteira responsabilidade” da crise que o país atravessa.
Os dirigentes libaneses têm uma “última oportunidade” para assumir os compromissos assumidos em Setembro e constituir um Governo, prosseguiu.
Sobre o Hezbollah, afirmou que este partido xiita “não pode, ao mesmo tempo, ser um Exército em guerra contra Israel, uma milícia contra os civis na Síria, e um partido responsável no Líbano". "Cabe-lhe demonstrar que respeita os libaneses no seu todo. Mostrou, nestes últimos dias, claramente o contrário”, argumentou.
As afirmações surgiram dias depois da demissão do Primeiro-Ministro libanês, Moustapha Adib.
Numa mensagem na televisão libanesa, em que apresentou as razões para a demissão, concretizada sábado, Adib salientouqueafaltadeconsenso o impossibilitou de formar um Executivo capaz de avançar com o processo de reformas de que o país necessita.
Mustapha Adib admitiu que a formação de um Executivo com as especificações que tinha definido "estava já condenada ao fracasso" e manifestou "preocupação" em relação à unidade nacional, sobretudo com a respectiva "constitucionalidade e credibilidade".
A mensagem de Mustapha
Adib ocorreu depois de, pouco antes, se ter reunido com o Presidente libanês, Michel Aoun, a quem apresentou a renúncia, menos de um mês depois de ser nomeado para a tarefa de formar um novo Governo.
"Estava muito optimista, sabendo que os pormenores específicos tinham sido acordados pelos principais partidos no Parlamento e que estes se tinham comprometido com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o autor da iniciativa de um possível resgate internacional para o país", afirmou, então Adib.
Macron visitou por duas vezes o Líbano desde que, a 4 de Agosto, uma explosão no Porto de Beirute provocou cerca de duas centenas de mortos e mais de sete mil feridos, o que levou à queda do anterior Executivo de Hassan Diab.
O Presidente francês lançou, também, uma conferência internacional para conseguir fundos financeiros para apoiar o Líbano, país que já então se encontrava no meio da pior crise económica desde o final da guerra, em 1990.
Na altura, os partidos políticos libaneses assumiram o compromisso com a iniciativa francesa e sobretudo com a formação de um Governo de Emergência.
A renúncia ameaça deitar por terra os esforços diplomáticos feitos por Macron para quebrar o grave impasse político no país.
O Presidente francês tem pressionado os políticos libaneses a negociarem uma solução política estável para, assim, poderem promulgar reformas urgentes.
Mas, apesar de contar com o apoio francês, Mustapha Adib enfrentou vários obstáculos na cena política nacional, com os principais grupos xiitas do país, Hezbollah e Amal, a exigirem ficar com a pasta das Finanças no novo Governo.