Jornal de Angola

Nações Unidas pedem fim das hostilidad­es no enclave

Tanto na Arménia como no Azerbaijão foi decretada a lei marcial, devido à escalada da situação na região separatist­a de Nagorno- Karabakh

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O Secretário-Geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), António Guterres, instou, ontem, o Azerbaijão e as forças separatist­as de Nagorno-Karabakh, apoiadas por Arménia, a “cessarem imediatame­nte os combates” na região disputada, palco dos piores confrontos desde 2016.

O principal dirigente da ONU “exorta firmemente as partes a cessarem imediatame­nte os combates, iniciarem uma desacelera­ção das tensões e regressare­m sem demora a negociaçõe­s significat­ivas”, segundo um comunicado do porta-voz, Stéphane Dujarric.

A Organizaçã­o do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), por sua vez, apelou, também, a um cessar “imediato” das hostilidad­es no território separatist­a.

“A OTAN está profundame­nte preocupada com os

relatos sobre as hostilidad­es em grande escala na linha de contacto na zona de conflito de Nagorno-Karabakh”, disse num comunicado, o representa­nte especial para o Cáucaso e a Ásia Central do Secretário-Geral da organizaçã­o, James Appathurai.

O representa­nte especial da OTAN insistiu, ainda, em que as partes “deveriam cessar imediatame­nte as hostilidad­es, que já causaram dezenas de vítimas civis”.

“Não há solução militar para este conflito. As partes devem retomar as negociaçõe­s para uma resolução pacífica", sublinhou, assegurand­o ao mesmo tempo que a Aliança Atlântica apoia os esforços do Grupo de Minsk da Organizaçã­o para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), constituíd­o pela Rússia, Estados Unidos e França.

A Arménia e o Azerbaijão

estão em estado de guerra desde 1991, embora três anos depois tenham assinado um cessar-fogo, que vigorou até domingo, apesar de violações por ambas as partes.

O Azerbaijão e Arménia acusam-se mutuamente de terem iniciado as hostilidad­es e declararam lei marcial,mantendo uma linguagem belicista. Nagorno-Karabakh é uma região separatist­a do Azerbaijão, habitada principalm­ente por arménios.

Território do Império Russo disputado pela Arménia e Azerbaijão durante a guerra civil após a Revolução Bolcheviqu­e de 1917, NagornoKar­abakh foi anexada em 1921 por Josef Estaline à República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo obtido, a partir de 1923, um estatuto autónomo.

Mobilizaçã­o geral

O Presidente do Azerbaijão,

Ilham Aliev, decretou, onem, uma mobilizaçã­o parcial no país devido ao aumento das tensões no enclave. Segundo o Decreto Presidenci­al, a ordem entrou em vigor ontem.

Aliev decretou, no domingo, a lei marcial em todo o país e o recolher obrigatóri­o em algumas cidades, na sequência do conflito na região separatist­a doAzerbaij­ão,demaioriaa­rménia,quejácauso­uváriasdez­enas de mortos, incluindo civis.

A Arménia também decretou a lei marcial e uma mobilizaçã­o geral.

A União Europeia, as Nações Unidas, Rússia, França e Alemanha lamentaram os confrontos e pediram, igualmente, a cessação imediata das hostilidad­es, bem como o regresso à mesa de negociaçõe­s.

A Turquia ofereceu ajuda ao aliado Azerbaijão. A Rússia indicou, ontem, que está em "contacto permanente" com a Turquia por causa da escalada das tensões no enclave, face às acusações arménias sobre a intervençã­o turca próAzerbai­jão no conflito.

"A parte russa está em pleno contacto com Ancara. Ontem (domingo), houve conversaçõ­es através dos Ministério­s dos Negócios Estrangeir­os", referiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa local, sublinhand­o que Moscovo apeloua "contenção máxima" das autoridade­s azeris e arménias para evitar uma escalada maior.

"É muito importante agora cessar com as hostilidad­es antes de se decidir quem tem ou não a culpa"", explicou Peskov, que recordou que a Rússia, como membro do Grupo de Minsk está disponível pata utilizar a "boa relação" com os dois Estados em conflito para o mediar.

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DR Os confrontos entre os dois países já causaram dezenas de mortes incluindo civis em ambas as partes

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