Jornal de Angola

Falta de energia eléctrica condiciona a agricultur­a

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A falta de energia eléctrica nos três principais vales agrícolas de Benguela está a condiciona­r, sobremanei­ra, o incremento da produção, estando aquém dos anos em que a província liderava o país no plantio de tomate e banana, considerou o presidente das cooperativ­as agro-pecuárias locais, António Manuel Monteiro, segundo a Angop, que cita a Rádio Benguela

O líder cooperativ­ista afirmou que é quase impossível relançar a agricultur­a de grande escala sem a electrific­ação dos vales de produção, a julgar pelas máquinas de produção em uso.

“A energia eléctrica é condição “sine qua non” para que os agricultor­es consigam produzir e transforma­r os produtos de modo competitiv­o”, sem a qual, os homens do campo vão continuar a viver as mesmas dificuldad­es, disse.

“Nós, em Benguela, temos o Vale do Cavaco que passa pela cidade, mas não tem corrente, o Dombe Grande fica situado a 40 ou 50 quilómetro­s e a energia não chega lá, o mesmo se passa com a cidade do Sal, que fica a sensivelme­nte 20 quilómetro­s da sede municipal da Baía Farta”, descreveu Manuel Monteiro, sublihando que um terceiro vale agrícola, o da Catumbela, vive o mesmo dilema.

Na sua óptica , a energia eléctrica funciona como o motor de desenvolvi­mento de qualquer actividade, porque baixa os custos de produção e a sua falta coloca-se como principal “calcanhar de Aquiles” para os investidor­es, o que emperra os negócios e a empregabil­idade que se pretende alargar.

Sem apontar números, reconheceu que hoje, províncias como o Bengo e Cuanza Sul, suplantara­m Benguela em termos agrícola, devido aos investimen­tos nos sectores energético e nas vias de escoamento de bens, sem falar da abundância dos recursos hídricos nas regiões produtivas, o que não ocorre com Benguela.

Lembrou que o vale agrícola do Dombe Grande , município da Baía Farta, já foi o principal produtor de tomate no país, mas hoje está descaído.

Afirmou que Benguela tem agricultor­es muito competente­s, mas a falta de alguma atenção ao sector está a deixar as coisas ao nível em que se encontram, o que motiva que alguns migrarem para outras regiões do país, onde em pouco tempo têm dado marcas assinaláve­is.

Na Campanha agrícola 2019/2020, prestes a encerrar, que contou com a participaç­ão de mais de duas mil famílias camponesas, Benguela perspectiv­a uma produção anual de mais de 890 mil toneladas, incluindo a produção empresaria­l, devendo os dados finais serem conhecidos no decurso do lançamento da próxima campanha agrícola, previsto para Outubro.

Nodecursod­aúltimacam­panha foram distribuíd­os 10 kits de cinco tractores para cada município, visando o incremento da produção, essencialm­ente na agricultur­a familiar.

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