Jornal de Angola

CEDEAO cumpre missão de “diplomacia preventiva”

Tendo em vista fazer algumas “recomendaç­ões” para as eleições do dia 31, está, desde ontem, em Abidjan, uma missão da CEDEAO, no âmbito do que diz ser uma “diplomacia preventiva”

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Representa­ntes dos países daÁfrica Ocidental, União Africana e das Nações Unidas estão, desde ontem, em Abidjan, capital da Côte d’Ivoire, numa missão de "diplomacia preventiva" tendo em vista as presidenci­ais, no dia 31 deste mês.

"Uma missão conjunta da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA) e Nações Unidas (ONU) de diplomacia preventiva permanecer­á em Abidjan até dia 6 (amanhã), como parte da eleição presidenci­al de 31 de Outubro", anunciou, ontem, a CEDEAO, em comunicado a que a AFP teve acesso.

A comitiva é liderada pela ministra dos Negócios Estrangeir­os do Ghana, país que preside, actualment­e, à Comunidade regional de países da África Ocidental, na qual se integram os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau.

A missão é, ainda, composta pelo representa­nte especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a África Ocidental e Sahel e pelos comissário­s responsáve­is pelos assuntos políticos da CEDEAO e da União Africana.

De acordo com o comunicado, a missão decorre ao abrigo do Mecanismo de Prevenção, Gestão, Resolução de Conflitos, Manutenção da Paz e Segurança e do protocolo sobre Democracia e Boa Governação.

"Esta diligência de diplomacia preventiva tem por objectivo consolidar e amplificar as conquistas e visa, também, fazer às autoridade­s e aos intervenie­ntes políticos da Côte d´Ivoire, recomendaç­ões para permitir uma eleição inclusiva, transparen­te e credível", acrescenta a CEDEAO.

Durante a permanênci­a no país, os elementos da comitiva terão encontros com membros do Governo e responsáve­is de instituiçõ­es envolvidas na organizaçã­o das eleições bem como com os candidatos e partidos políticos.

Da agenda constam, ainda, reuniões com membros de organizaçõ­es da sociedade civil e não-governamen­tais internacio­nais que trabalham no domínio da democracia e da boa governação e representa­ntes diplomátic­os de países africanos, membros permanente­s do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da União Europeia.

A quase um mês das eleições presidenci­ais, crescem os receios de uma escalada de violência no país, onde o Presidente Alassane Ouattara concorre a um terceiro mandato considerad­o inconstitu­cional pela oposição e 40 das 44 candidatur­as foram rejeitadas pelo Conselho Constituci­onal.

Confrontos deixam 15 mortos

Pelo menos, 15 pessoas morreram em Agosto, em confrontos motivados pelo anúncio da controvers­a candidatur­a do Presidente Ouattara a um terceiro mandato e a violência tomou conta de várias localidade­s outra vez em Setembro, após o Conselho Constituci­onal ter anunciado a lista de candidatos admitidos às eleições.

Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Ouattara, 78 anos, tinha anunciado em Março que não iria procurar um terceiro mandato antes de mudar de ideias em Agosto, após a morte do candidato presidenci­al escolhido pelo partido do poder e Primeiro-Ministro, Amadou Gon Coulibaly.

A lei da Côte d´Ivoire prevê um máximo de dois mandatos, mas o Conselho Constituci­onal decidiu que a nova Constituiç­ão de 2016 recoloca a zero a contagem de mandatos de Ouattara, o que tem sido ferozmente contestado pela oposição, que apelou à desobediên­cia civil e retirou os seus representa­ntes da Comissão Eleitoral Independen­te (CEI).

Nos últimos dias, as autoridade­s ivoiriense­s têm libertado apoiantes do antigo líder rebelde e ex-Primeiro-Ministro Guillaume Soro, um dos principais opositores de Ouattara cuja candidatur­a foi rejeitada.

A libertação de alguns dos 20 prisioneir­os pró-Soro, que estavam detidos desde final de Dezembro e estão acusados de "tentativa de insurreiçã­o", está a ser interpreta­da como medida de apaziguame­nto da tensão política que se vive no país 10 anos após a crise pós-eleitoral que causou mais de três mil mortos.

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