Novos detidos no âmbito do genocídio do Rwanda
Três homens suspeitos de terem participado no genocídio no Rwanda em 1994 foram detidos e acusados na semana passada na Bélgica, disse, ontem, uma fonte da Procuradoria Federal belga à agência de notícias AFP.
"Dois foram detidos na terça-feira em Bruxelas e um na quarta-feira na província de Hainaut, em dois casos diferentes, mas muito semelhantes e todos os três acusados de “graves violações do direito humanitário”, disse Eric Van Duyse, porta-voz do Ministério Público Federal.
Um dos três foi posteriormente colocado sob vigilância electrónica e dois ficaram detidos. A identidade dos três homens não foi revelada pelas autoridades.
O possível encaminhamento desses suspeitos para um tribunal da Bélgica "será determinado, em última instância, com base no processo apresentado pelo juiz de instrução e pela Procuradoria", segundo Van Duyse.
Os massacres realizados ao serem instigados pelo regime extremista hutu, no poder no Rwanda naquela altura, deixaram cerca de 800 mil mortos entre Abril e Julho de 1994, principalmente entre a minoria Tutsi, mas, também, entre hutus moderados, segundo as Nações Unidas.
Na Bélgica, cinco julgamentos já ocorreram desde 2001, levando a nove condenações, em conexão com o genocídio de Rwanda.
Em 2001, quatro rwandeses, originários da região de Butare (Sul), incluindo duas freiras beneditinas, acusadas de terem entregado à milícia Hutu milhares de refugiados que estavam no seu convento, foram condenados a penas de 12 a 20 anos de prisão.
O julgamento foi o primeiro do mundo fora do Rwanda. Duas personalidades foram então condenadas em 2005 pelos tribunais belgas, nomeadamente em 2007 um ex-major e em 2009 um rwandês apelidado de "banqueiro do genocídio".