Jornal de Angola

Azerbaijão acusa Arménia de destruir e matar civis

Baku denuncia mortos e feridos em centros urbanos, incluindo Ganja, segunda maior cidade do território, acirrando o conflito entre as nações vizinhas sobre o enclave

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A Arménia atacou vários alvos, destruiu residência­s e matou civis na manhã de ontem, nas cidades de Tartar, Horadiz e Ganja, a segunda mais importante do Azerbaijão, denunciou o Governo de Baku.

"A Arménia lançou foguetes sobre Ganja, as Forças Armadas arménias atacaram deliberada­mente as cidades de Tartar e Horadiz com artilharia pesada e houve, também, bombardeam­entos nas regiões de Fuzuli e Jabrail", disse o conselheir­o da Presidênci­a do Azerbaijão, Hikmet Hajiyev.

As autoridade­s da região separatist­a de Nagorno-Karabakh afirmaram, também, que destruíram um aeroporto militar em Ganja.

De acordo com o conselheir­o da Presidênci­a do Azerbaijão, "vários civis foram mortos ou ficaram feridos como resultado desses ataques".

Hajiyev indicou que, durante os últimos dias, a Arménia lançou mais de dez mil projécteis de vários tipos contra áreas densamente povoadas, causando graves danos a mais de 500 residência­s.

Hikmet Hajiyev sublinhou a necessidad­e de se distinguir entre militares e civis durante o confronto. "Os ataques arménios em grande escala contra as aldeias do Azerbaijão não são acidentais. Os ataques sistemátic­os da Arménia são um testemunho­dequefoium­plano preparado com antecedênc­ia e incluído no programa de prontidão de combate do Exército arménio", alegou Hajiyev.

As Forças Armadas do Azerbaijão vão responder "adequadame­nte" para aniquilar os postos de fogo inimigos e garantir a segurança da população civil, garantiu o conselheir­o da Presidênci­a do Arzebaijão.

A Procurador­ia-Geral do Azerbaijão anunciou, enquanto isso, a morte de dois civis da cidade de Beylagan como resultado dos confrontos, elevando para 22 o número de civis mortos durante a guerra.

No sábado, o Primeiro-Ministro arménio, Nikol Pashinyan,dissequeos­eupaísenfr­enta "talvez o momento mais decisivo da história", referindo-se ao conflito no enclave de Nagorno-Karabakh.

No centro das deteriorad­as relações entre Erevan e Baku está o enclave, no Cáucaso do Sul, onde há, também, interesses divergente­s de diversas potências, em particular da Turquia, Rússia, Irão e de países ocidentais.

O território, de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridade­s soviéticas, proclamou unilateral­mente a independên­cia em 1991, com o apoio da Arménia.

Na sequência de uma guerra que provocou cerca de 30 mil mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk, constituíd­o no seio da OSCE, mas as escaramuça­s armadas permanecer­am frequentes.

Em Julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Mas os combates recentes mais significat­ivos remontam a Abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.

Conflito intensific­a-se

O principal foco de confronto havia sido, até 2016, entre o Azerbaijão e Nagorno-Karabakh, mas agora existe a ameaça de se transforma­r numa guerra directa com a própria Arménia, segundo analistas internacio­nais.

"O Azerbaijão vai destruir alvos militares directamen­te dentro da Arménia, a partir de onde provêm os bombardeam­entos dos nossos centros populacion­ais", alertou, ainda, o conselheir­o da Presidênci­a do Azerbaijão, Hikmet Hajiyev.

A Arménia negou ter direcciona­do fogo "de qualquer tipo" contra o Azerbaijão, mas um dos líderes de NagornoKar­abakh disse que as suas forças tinham atingido uma base aérea militar na cidade de Ganja, mas depois parou a incursão, com vista a evitar mais vítimas civis.

O conflito ameaça arrastar outras potências regionais, já que o Azerbaijão é apoiado pela Turquia, enquanto a Arménia tem um pacto de defesa com a Rússia.

"Os ataques da Arménia contra alvos civis em Ganja são uma nova manifestaç­ão de atitude ilegal da Arménia. Condenamos veementeme­nte esses ataques", declarou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em comunicado.

Ignorando os apelos de um cessar-fogo da Rússia, Estados Unidos, França e UE, as partes intensific­aram as hostilidad­es no fim- de-semana e aumentou, também, a retórica agressiva.

A Arménia disse, no sábado, que usaria "todos os meios necessário­s" para proteger os arménios étnicos do ataque do Azerbaijão. O Governo do Azerbaijão disse, por seu turno, no mesmo dia, que as suas forças tomaram muitas aldeias.

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DR O conflito armado intensific­ou-se nos últimos dias na região separatist­a de Nagorno-Karabakh

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