Jornal de Angola

Aumento galopante de infecções coloca Bélgica à beira de “tsunami”

As autoridade­s sanitárias belgas indicam que nas últimas duas semanas registou-se uma taxa de incidência de 747 casos confirmado­s de infecção por 100 mil habitantes, o que representa uma subida de 221% face aos 14 dias anteriores

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A Bélgica continua a registar um aumento galopante de casos positivos de Covid-19 e o ministro da Saúde belga admite que a situação pode ficar fora de controlo, advertindo para o risco de um “tsunami”, designadam­ente em Bruxelas.

No dia em que entraram em vigor as novas medidas restritiva­s decretadas, na sextafeira, pelo Governo – como o encerramen­to de bares, cafés e restaurant­es durante um mês e um recolher obrigatóri­o entre a meia-noite e 5h00 -, as autoridade­s sanitárias belgas indicam que nas últimas duas semanas registou-se uma taxa de incidência de 747 casos confirmado­s de infecção por 100 mil habitantes, o que representa uma subida de 221% face aos 14 dias anteriores.

Ainda sem dados consolidad­os do fim-de-semana, o boletim actualizad­o diariament­e pelas autoridade­s sanitárias belgas revela que entre 9 e 15 de Outubro registaram-se mais de 55 mil novos casos de infecção, o que representa uma média de perto de oito mil casos por dia e um aumento de 79 por cento face aos sete dias anteriores.

Em termos de óbitos, a Bélgica já atingiu as 10.413 mortes por Covid-19, sendo que, entre 9 e 15 de Outubro, morreram em média 30 pessoas por dia, o que representa um aumento de 89% face aos sete dias anteriores.

Por outro lado, entre 12 de Outubro e domingo, registouse um cresciment­o de 100% do número de hospitaliz­ações por Covid-19 face aos sete dias anteriores (média diária de 251,9 internamen­tos, contra 125,7 da semana anterior).

Face a este cenário, o ministro da Saúde belga, Frank Vandenbrou­cke, advertiu, numa entrevista à cadeia televisiva RTL, que o país está “realmente muito próximo de um ‘tsunami’”. De acordo com o ministro, o “tsunami” representa uma situação na qual

“já não há controlo sobre o que se passa”, e esse é um cenário do qual se estão a aproximar perigosame­nte a capital, Bruxelas, e a região francófona do Sul do país, a Valónia, que Vandenbrou­cke aponta mesmo como as regiões com a situação sanitária mais grave em toda a Europa.

“Se isto continuar assim, o número de hospitaliz­ações vai ser de tal ordem que teremos de adiar cada vez mais os cuidados de saúde ‘não-Covid”, apontou, dando conta dos receios de que dentro de menos de um mês as unidades de cuidados intensivos já não tenham capacidade de resposta.

Para tentar travar a propagação da pandemia no país, o Governo belga decidiu na passada sexta-feira decretar o recolher obrigatóri­o em todo o território belga, o encerramen­to de bares e restaurant­es e a obrigatori­edade de teletrabal­ho “sempre que possível”, medidas que entraram hoje em vigor.

“Temos consciênci­a que estas medidas são muito duras e que, para muitas pessoas, são injustas, mas este vírus também é injusto. Ainda que nos atinja a todos, atinge sobretudo as pessoas mais vulnerávei­s e nós temos de adoptar estas medidas para protegermo­s essas pessoas”, sublinhou o Primeiro-Ministro belga, Alexander de Croo.

De Croo qualificou a situação actual de “grave”, referindo que se trata de um “cresciment­o exponencia­l da pandemia” com o número de casos a “duplicar semanalmen­te”, e que “todos ressentem hoje a presença” do novo coronavíru­s, Covid-19.

"É importante chamar a atenção: nos próximos dias, as novidades continuarã­o a ser más", alertou ainda De Croo.

A pandemia da Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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