TPA e RNA na génese da construção da nação
Para quem teve oportunidade de acompanhar o último “Top dos mais queridos”, emitido numa sexta-feira pela TPA/ RNA e, repetido no último sábado, poderá, certamente, ter ficado, tal como eu, por alguns minutos ou segundos com o coração parado, ao ouvir, as canções de alguns músicos que já não estão entre nós. Fica a ideia de que a TPA e a RNA, ambas, como irmãs gémeas, vêm criando uma Memória, um simbólico-cultural, nosso, que vão difundindo em momentos próprios da nossa História. Hoje, em plena pandemia, no cubito, lançam para o ar canções que constituíram arma de sempre, elevando a alma do Povo, retemperando forças para a sobrevivência da Nação. Tal e qual nos momentos do kibeto.
Se pudéssemos entrar no percurso da vida de cada um dos nossos músicos, concluiríamos que, na sua maioria, não tiveram habilitações literárias para a arte que assumiram, nem, em alguns casos, nasceram em lares que lhes proporcionasse habilidades que ostentaram com mestria. Surgiram no seio do Povo, quase do nada. Actuaram e actuam, na verdade, como homens de vontade própria ( A. Neto). Apareceram como apóstolos do povo, lançando no ar suas melodias para os combatentes, comandantes, políticos e caminhantes, fazendo-lhes lembrar o clamor da velha Xica que disse que já podia morrer por ter visto Angola, já independente. E, eles vão indo e desaparecendo, tal velha Xica. Os que ficaram, mesmo sem rua nem quintal que lhes sirva de Academia de Música, teimosamente, estão indo por aí, inventando e criando cubicos para o povo sofredor se distrair. Vão lançando por esta Angola, dentro e fora, suas mensagens de sempre em línguas maternas que apontam, decisivamente, para novos tempos históricos, mesmo, na incerteza da Terra que ondula sobre as águas tempestuosas dos oceanos.
Os músicos de Angola, os nossos músicos, constituem, sem dúvida, a 4ªArma das nossas Forças Armadas. Merecem um Abraço do Estado. Merecem um Monumento que não reclamam, mas declamam - Academia Angolana de Música.