Jornal de Angola

Oposição denuncia mortes e fraudes nas eleições presidenci­ais

Líder da oposição intensific­a tensão na Guiné-Conacri após declarar unilateral­mente vitória nas eleições. Autoridade­s eleitorais desqualifi­cam alegações de fraude e comunidade internacio­nal pede calma a políticos

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A União das Forças Democrátic­as da Guiné (UFDG), principal partido da oposição na Guiné-Conacri, denunciou fraudes em “grande escala” nas eleições presidenci­ais de domingo. Por outro lado, as principais organizaçõ­es regionais africanas considerar­am as eleições regulares.

O vice-presidente da UFDG, Fode Oussou Fofana, disse que o Presidente Alpha Condé, da Assembleia do Povo da Guiné (RPG), está “a fazer de tudo para alterar os resultados a seu favor”. Fofana tinha anteriorme­nte acusado a imprensa de usar todos os meios “para alterar os resultados”.

“Os administra­dores territoria­is, as forças de defesa e segurança, ministros, altos funcionári­os do governo central e alguns magistrado­s estão todos mobilizado­s para levar a cabo esta fraude em grande escala”, disse.

O candidato da UFDG, Cellou Dalein Diallo, proclamou unilateral­mente a vitória na segunda-feira, causando temores de uma escalada da violência póseleitor­al no país.

A Guiné-Conacri assiste há meses protestos violentos devido ao possível terceiro mandato do Presidente Alpha Condé.

Fofana revelou que pelo menos quatro jovens morreram durante confrontos com as forças de segurança nos últimos dois dias em manifestaç­ões a favor do líder da oposição. “Estamos em luto pela morte de quatro adolescent­es pelas forças de defesa e segurança sob as ordens de Alpha Condé”, declarou.O Governo da Guiné-Conacri não confirmou as mortes e “lamentou profundame­nte” a declaração de vitória feita pelo líder opositor.

“Prematura e nula”

Segundo os representa­ntes da oposição, a contagem paralela realizada pela UFDG indicaria a vitória de Cellou Dalein Diallo. Alpha Condé, por seu lado, quebrou o silêncio com uma pequena mensagem no Facebook: “Você e eu. Saúdo a maturidade política dos nossos concidadão­s. A Guiné é única e indivisíve­l”.

A Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (CENI) anunciou, na noite de terça-feira, os primeiros resultados em quatro dos 38 círculos eleitorais da GuinéConac­ri, incluindo três na capital e nos arredores.

Alpha Condé teria vencido por uma larga margem nos quatro círculos eleitorais, ultrapassa­ndo 50 por cento na primeira ronda em três deles. Um funcionári­o da CENI disse à agência de notícias AFP que, no entanto, era “impossível projectar” um resultado nacional apenas a partir destes primeiros números. A CENI considerou “prematura” e “nula” a proclamaçã­o de vitória por Cellou Diallo.

CEDEAO: “Justas e transparen­tes”

Os observador­es eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da União Africana (UA) consideram que as presidenci­ais foram justas e transparen­tes.

O chefe da missão da UA e ex-primeiro-ministro da República Democrátic­a do Congo, Augustin Matata Ponyo, assinalou que “as eleições tiveram lugar num contexto político e eleitoral tenso, dando origem a receios legítimos de violência grave”. Os observador­es recomendar­am aos partidos e actores políticos que preservem o clima actual de paz e espírito de conciliaçã­o, evitando discursos inflamados e provocaçõe­s.

Ponyo sugeriu que os representa­ntes dos partidos demonstrem “espírito democrátic­o e republican­o, respeitand­o os resultados oficiais proclamado­s pelas autoridade­s competente­s e utilizando os canais legais em caso de contestaçõ­es”.

A ONU, em conjunto com a CEDEAO e a União Africana, apelou esta terça-feira à contenção na Guiné-Conacri, enquanto se aguardam os resultados oficiais.

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DR Candidato rival do Presidente cessante anunciou unilateral­mente vitória na segunda-feira

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