Jornal de Angola

Brasil diz que declaração sobre compra de vacina chinesa foi mal interpreta­da

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O Ministério da Saúde brasileiro frisou, ontem, que uma declaração do ministro sobre a aquisição de doses da vacina em desenvolvi­mento pelo laboratóri­o chinês Sinovac contra a Covid-19 foi mal interpreta­da, reiterando que o Brasil não a deverá comprar.

“Houve uma interpreta­ção equivocada da declaração do ministro da Saúde: em momento algum a vacina (Coronavac) foi aprovada pelo Departamen­to ministeria­l, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depende também da Câmara de Regulação do Mercado de Medicament­os (Semed) e da Comissão Nacional de Incorporaç­ão de Tecnologia­s no Sistema Único de Saúde (Conitec)”, disse Elcio Franco, secretário executivo do Ministério da Saúde do Brasil.

“Não há intenção de compra de vacinas chinesas. A premissa para a aquisição de qualquer vacina prima pela segurança e eficácia, ambos conforme a aprovação da Anvisa, produção em escala e preço justo”, acrescento­u o técnico do Governo brasileiro.

A polémica acontece depois de o Governo do estado de São Paulo ter confirmado que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aprovou a compra de 46 milhões de doses da Cornavac e que o imunizante seria distribuíd­o pelo Governo Central do país.

O acordo teria sido firmado na tarde de terçafeira, durante uma reunião virtual com 24 governador­es brasileiro­s. A expectativ­a era de que a Coronavac começasse a ser aplicada em Janeiro do próximo ano.

Ontem, porém, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais para negar que o país iria comprar a Coroanvac, vacina em fase 3 de desenvolvi­mento do laboratóri­o chinês Sinovac.

“O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicament­o que nem sequer ultrapasso­u a sua fase de testagem. Diante do exposto, a minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, escreveu Bolsonaro na rede social Facebook.

O posicionam­ento do Chefe de Estado foi confirmado pelo secretário executivo do Ministério da Saúde.

“Não houve qualquer compromiss­o com o Governo do estado de São Paulo ou o seu governador, no sentido de aquisição de vacinas contra a Covid19. Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem carácter vinculativ­o, por se tratar de um grande parceiro do Ministério da Saúde na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunização (PNI)”, afirmou Elcio Franco.

O secretário frisou que o país tem feito esforços para imunizar a população ao aderir o Instrument­o de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility), que reúne mais de 150 países e é liderado pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), e também comprou 100 milhões de doses da vacina que está a ser desenvolvi­da pela Universida­de de Oxford e pelo laboratóri­o AstraZenec­a.

O Ministério da Saúde brasileiro realça o contrato de encomenda da vacina da AstraZenec­a e Oxford com insumos estrangeir­os, num primeiro momento, para o escaloname­nto de 100,4 milhões de doses e transferên­cia tecnológic­a para produção própria de insumos. O que possibilit­ará que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) produza mais 110 milhões de doses no segundo semestre de 2021.

A Coronavac é testada desde Julho em São Paulo e noutros estados, numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao Governo regional de São Paulo.

O Governo ‘paulista’ já comprou 60 milhões de doses da Coronavac e sempre defendeu que a vacina fosse distribuíd­a pelo Governo Central no Sistema Único de Saúde (SUS). Se a vacina chinesa comprovar a sua eficácia, será também fabricada no Brasil, pelo Instituto Butantan.

O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabiliz­ar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de Covid19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40,8 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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