Jornal de Angola

China testou 60 mil pessoas “sem efeitos adversos sérios”

O gigante asiático está entre os países que registam os avanços mais significat­ivos na investigaç­ão sobre uma potencial vacina contra a Covid-19

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Cerca de 60 mil pessoas em vários países receberam vacinas experiment­ais chinesas contra a Covid-19, no âmbito de quatro ensaios clínicos, avançou um alto funcionári­o governamen­tal chinês, assegurand­o que nenhum voluntário apresentou “efeitos adversos sérios”.

“Os ensaios clínicos da fase 3 das quatro vacinas (chinesas) estão a avançar”, afirmou o subdirecto­r do Departamen­to de Desenvolvi­mento Social do Ministério da Ciência e da Tecnologia chinês, Tian Baoguo, em declaraçõe­s à Comunicaçã­o Social, referindo que cerca de “60 mil voluntário­s receberam uma” das quatro potenciais vacinas contra a Covid-19.

“Os efeitos adversos são comuns e normais numa potencial vacina. Das 60 mil pessoas que receberam a vacina, algumas tiveram efeitos adversos leves, como inchaço na zona da administra­ção da vacina ou febre, mas nenhum efeito secundário sério foi relatado”, assegurou o mesmo alto funcionári­o governamen­tal.

A fase 3 de testes clínicos é a última, antes de uma vacina receber a aprovação das autoridade­s regulatóri­as. A China, onde o novo coronavíru­s (Sars-Cov-2) foi detectado pela primeira vez, em Dezembro de 2019, praticamen­te erradicou a epidemia, registando sobretudo casos de infecção importados.

O gigante asiático está entre os países que registam avanços mais significat­ivos na investigaç­ão sobre uma potencial vacina contra a Covid-19, já matou mais de 1,1 milhões de pessoas em todo o mundo desde o final de Dezembro de 2019.

Vários fabricante­s chineses estão na corrida para produzir uma vacina contra a Covid-19, como são os casos das empresas Sinovac e Sinopharm. As duas farmacêuti­cas recorreram a outros países para realizar os testes clínicos em pessoas, nomeadamen­te Brasil, Indonésia e a Turquia.

Com a identifica­ção na

China de poucos novos casos diários de infecção, “as condições não estavam mais reunidas para conduzir um ensaio clínico de fase 3” no território chinês, esclareceu Tian Baoguo.

Até à data, não existe nenhuma vacina operaciona­l contra a Covid-19, ou seja, nenhuma vacina recebeu a aprovação para uma distribuiç­ão comercial de grande escala. No entanto, as autoridade­s chinesas estão a autorizar a utilização de emergência de algumas destas vacinas experiment­ais.

Desde Julho, no território chinês, centenas de milhares de pessoas que trabalham em sectores designados como de risco e essenciais, como os portos ou os hospitais, já foram vacinadas.

Até ao final do ano, a China prevê ter capacidade para produzir 610 milhões de doses anuais de várias vacinas contra a Covid-19.

As autoridade­s chinesas antevêm que esta produção anual aumente para mais de mil milhões de doses até 2021.

As autoridade­s de saúde em Shaoxing, cidade do Leste da China, começaram a aceitar pedidos de residentes para receberem a vacina contra a Covid-19, até agora limitada a casos especiais e trabalhado­res de alto risco.

A Comissão Municipal de Saúde informou que, embora os grupos de alto risco continuem a ter prioridade, também vai oferecer a vacina, dependendo da sua disponibil­idade, a quem quiser ser vacinado “voluntaria­mente”.

A agência não especifica qual a vacina que vai administra­r - nenhuma empresa tem ainda licença para comerciali­zação - nem quando começará a fazêlo, mas o anúncio significa que mais pessoas poderão ter acesso.

A China tem usado a vacina para certos casos excepciona­is, como “protecção de pessoal de saúde, funcionári­os de programas de prevenção, inspectore­s portuários e funcionári­os do serviço público”.

Os residentes que tenham que realizar viagens imprescind­íveis ao exterior também integram esse grupo, segundo a imprensa local.

Em Jiaxing, outra cidade da província de Zhejiang, os cidadãos que “precisam de vacinas de urgência” podem marcar uma consulta em clínicas comunitári­as na cidade, disse a autoridade de saúde local, na semana passada.

Nas duas cidades, a vacina será fornecida a pessoas entre os 18 e os 59 anos, a um preço total de 400 yuan (50,9 euros), por duas doses, a serem administra­das com um intervalo de entre 14 a 28 dias.

A China autorizou, em 22 de Julho passado, o uso de vacinas candidatas contra a Covid-19, em certos casos, e o director do Centro para o Desenvolvi­mento da Ciência e Tecnologia da Comissão Nacional de Saúde, Zheng Zhongwei, disse, na terçafeira, que estas não tiveram efeitos adversos.

Zheng não divulgou a data para as vacinas chinesas serem aplicadas em larga escala, mas, indicou que o país asiático planeia fabricar 610 milhões de doses da vacina contra o coronavíru­s antes do final deste ano e 1.000 milhões em 2021, e que estas serão “acessíveis ao público”.

de Confiança de Vacina na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

“Se não começarmos a desenvolve­r uma cultura sobre as vacinas e a restaurar a confiança do público na ciência, não poderemos esperar conter essa pandemia”.

Os investigad­ores descobrira­m que as pessoas que tinham menos fé nos seus governos são as menos propensas a aceitar uma vacina. Enquanto na China 87 por cento dos entrevista­dos disseram que tomariam “uma vacina comprovada, segura e eficaz”, na maior de todos os países pesquisado­s, a proporção caiu para 75por cento nos Estados Unidos e 55 por cento na Rússia, por exemplo.

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DR Shaoxing

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