Jornal de Angola

Angola nas Organizaçõ­es Internacio­nais

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Diz-se que a Política Externa dos Estados é o somatório das políticas domésticas projectada­s lá fora, uma visão segundo a qual a maneira como os países se inserem no concerto das nações, sendo sujeitos activos ou passivos, aproveitan­do ou não as oportunida­des, reflecte o grau de organizaçã­o interna.

Angola é membro de pleno direito de numerosas organizaçõ­es regionais e internacio­nais, com cotizações em dia e, nalguns casos, com quadros “emprestado­s” ao serviço das mesmas instituiçõ­es, facto que deve proporcion­ar maior aproveitam­ento do que resulta daqueles factores avançados. Sabemos todos a posição privilegia­da, nas instituiçõ­es regionais ou noutras, de que gozam os Estados quando cumprem zelosament­e os ditames da Carta Constituti­va, do Tratado ou da Convenção, particular­mente no que ao pagamento regular das cotas diz respeito. Neste quesito, no da cotização e respeito escrupulos­o dos regulament­os, contrariam­ente aos outros Estados, Angola deverá, no quadro de algumas organizaçõ­es de que faz parte, fazer melhor proveito das vantagens que resultam do cumpriment­o das suas obrigações.

A recente entrevista do presidente da Comissão Executiva da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), o angolano Gilberto Veríssimo, constitui um importante alerta de, tal como admitido, comprovado subaprovei­tamento que o país faz das Organizaçõ­es Internacio­nais em que se insere. Segurament­e precisamos de maior capacidade organizati­va interna para que os activos resultante­s deste passo se reflictam na presença e aproveitam­ento das Organizaçõ­es Internacio­nais, bem como acelerar os processos de integração ao nível da região.

“Estamos a lutar, também, pela integração física e, neste sentido, Angola está a perder. É o único Estado da CEEAC que não tem dívida de contribuiç­ão e o único que pagou a quota de 2020. Mas, ainda assim, Angola não está integrada em nenhum dos projectos de estradas regionais e não é por culpa dos outros, mas por culpa própria. Angola está um bocadinho afastada, mas tem que ser Angola a se aproximar dos outros”, disse Gilberto Veríssimo.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, o diplomata angolano ao serviço da CEEAC alertou também sobre a inexistênc­ia de comércio em termos significat­ivos entre os países da região, particular­mente em que envolve Angola.

Embora tenha ressaltado a questão da dívida, Gilberto Veríssimo disse, referindo-se aos passos que a organizaçã­o está a dar, que “agora estamos numa política de colocar todos os cidadãos dos Estados-membros nas estruturas da organizaçã­o. Daqui a dois anos vamos voltar a tocar na questão da dívida. Todos os Estados-membros que não liquidarem as dívidas nesse prazo, vamos mandar os seus funcionári­os para casa”.

Fazemos votos não apenas de êxito ao diplomata angolano ao serviço da CEEAC, mas igualmente de sucesso à diplomacia angolana em geral para que o país retire as melhores vantagens dos laços que o une às Organizaçõ­es Internacio­nais.

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