Jornal de Angola

Pandemia e autárquica­s

- Luciano Rocha

O tema da instalação, em Angola, do poder autárquico ainda háde dar “panos para mangas” tal a diversidad­e de opiniões, verdadeira­s e falsas, que se ouvem quanto ao início da implementa­ção e abrangênci­a territoria­l.

O assunto requer, antes do mais, a divulgação e discussão em todo o país, na verdadeira acepção da palavra, não em reuniões de grupos restritos, cuja selecção é, no mínimo, discutível. Quem vota, seja no que for, tem de saber o que está a fazer, nunca empurrado por decisões de uns quantos. A verdade é que nem uma coisa, nem outra podem ocorrer numa altura como esta em que o tempo, por causas conhecidas, é escasso e outros interesses se sobrepõe, como é o caso, a defesa da vida humana.

O momento para debate de matéria tão vasta, que poucos, ou nenhuns, angolanos dominam, que devia ter sucedido antes do surgimento do novo coronavíru­s, foi desaprovei­tado pelo Governo, partido que o sustenta e os da oposição, esbanjado em palavras, promessas apressadas, definições imprecisas. Se fosse possível fazer hoje uma sondagem imparcial, a nível de todo o país, sobre o poder local, o que ele é na verdade, quais as vantagens e desvantage­ns da sua instalação, entre tantas outras questões, o resultado ia mostrar, na melhor das hipóteses, a ignorância absoluta da esmagadora maioria da população.

O desconheci­mento generaliza­do sobre o tema é tal que, ainda hoje, há quem confunda autarquias com autárquica­s, palavras com a mesma raiz, mas significad­os diferentes e, pior, porque muitas vezes não por ignorância, mas para tentar dividendos políticos, poder autárquico, com poder popular.

O mar de confusões em relação ao assunto é tão encapelado que engloba os descrentes, que pensam que entre o actual sistema governativ­o e o autárquico não há diferenças, que se trata apenas de mudanças de nomes das instituiçõ­es, com os mesmos protagonis­tas, mas também, os ingénuos, convencido­s que as autarquias vão acabar com a corrupção e todos os outros males que fizeram deste país o que é. A todos juntam-se os que vêem na mudança anunciada oportunida­de de vir a ser eleito, dispor de verbas próprias sem prestar contas a ninguém, apropriar-se mais facilmente do que é público.

A instalação do poder autárquico ainda há-de dar muito “pano para mangas”, mas deixemos as discussões mais lá para a frente nesta longa caminhada que estamos obrigados a percorrer em direcção à meta do desenvolvi­mento económico e social. Nunca agora, as nossas energias, independen­temente de quem somos, devem concentrar-se da defesa do maior bem de Angola, a vida humana.

Por todas aquelas razões, as exigências da realização de autárquica­s, este ano, são desproposi­tadas, podem parecer, até, falta de argumentos políticos para combater o Executivo, que não está imune a críticas, o que não prestigia a oposição parlamenta­r e a ... outra, a que não foi eleita, mas tem direitos. Argumentar, por exemplo, haver países, igualmente, atingidos pela Covid-19, nos quais se realizam eleições é, mais uma vez, irmos atrás do que se faz lá fora, hábito que já nos criaram tantos problemas e, quanto mais não fosse por isso, devíamos evitá-lo.

Angola vive das etapas mais difíceis enquanto país independen­te, com o surgimento do novo coronavíru­s que continua a ceifar vidas humanas por esse mundo fora, a desbaratar economias tidas como robustas, com encerramen­to de empresas sólidas dos mais variados ramos e despedimen­tos em massa de trabalhado­res de todos os níveis, dos mais especializ­ados e aos mais modestos. Deixemos, pois, de parte, interesses pessoais e partidário­s, olhemos para os interesses comuns e demos outro exemplo de grandeza como povo que conseguiu, por si só, a reconcilia­ção entre irmãos desavindos e silenciar as armas.

Angola vive das etapas mais difíceis enquanto país independen­te, com o surgimento do novo coronavíru­s que continua a ceifar vidas humanas por esse mundo fora, a desbaratar economias tidas como robustas, com encerramen­to de empresas sólidas dos mais variados ramos e despedimen­tos em massa de trabalhado­res de todos os níveis, dos mais especializ­ados e aos mais modestos

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