Pandemia e autárquicas
O tema da instalação, em Angola, do poder autárquico ainda háde dar “panos para mangas” tal a diversidade de opiniões, verdadeiras e falsas, que se ouvem quanto ao início da implementação e abrangência territorial.
O assunto requer, antes do mais, a divulgação e discussão em todo o país, na verdadeira acepção da palavra, não em reuniões de grupos restritos, cuja selecção é, no mínimo, discutível. Quem vota, seja no que for, tem de saber o que está a fazer, nunca empurrado por decisões de uns quantos. A verdade é que nem uma coisa, nem outra podem ocorrer numa altura como esta em que o tempo, por causas conhecidas, é escasso e outros interesses se sobrepõe, como é o caso, a defesa da vida humana.
O momento para debate de matéria tão vasta, que poucos, ou nenhuns, angolanos dominam, que devia ter sucedido antes do surgimento do novo coronavírus, foi desaproveitado pelo Governo, partido que o sustenta e os da oposição, esbanjado em palavras, promessas apressadas, definições imprecisas. Se fosse possível fazer hoje uma sondagem imparcial, a nível de todo o país, sobre o poder local, o que ele é na verdade, quais as vantagens e desvantagens da sua instalação, entre tantas outras questões, o resultado ia mostrar, na melhor das hipóteses, a ignorância absoluta da esmagadora maioria da população.
O desconhecimento generalizado sobre o tema é tal que, ainda hoje, há quem confunda autarquias com autárquicas, palavras com a mesma raiz, mas significados diferentes e, pior, porque muitas vezes não por ignorância, mas para tentar dividendos políticos, poder autárquico, com poder popular.
O mar de confusões em relação ao assunto é tão encapelado que engloba os descrentes, que pensam que entre o actual sistema governativo e o autárquico não há diferenças, que se trata apenas de mudanças de nomes das instituições, com os mesmos protagonistas, mas também, os ingénuos, convencidos que as autarquias vão acabar com a corrupção e todos os outros males que fizeram deste país o que é. A todos juntam-se os que vêem na mudança anunciada oportunidade de vir a ser eleito, dispor de verbas próprias sem prestar contas a ninguém, apropriar-se mais facilmente do que é público.
A instalação do poder autárquico ainda há-de dar muito “pano para mangas”, mas deixemos as discussões mais lá para a frente nesta longa caminhada que estamos obrigados a percorrer em direcção à meta do desenvolvimento económico e social. Nunca agora, as nossas energias, independentemente de quem somos, devem concentrar-se da defesa do maior bem de Angola, a vida humana.
Por todas aquelas razões, as exigências da realização de autárquicas, este ano, são despropositadas, podem parecer, até, falta de argumentos políticos para combater o Executivo, que não está imune a críticas, o que não prestigia a oposição parlamentar e a ... outra, a que não foi eleita, mas tem direitos. Argumentar, por exemplo, haver países, igualmente, atingidos pela Covid-19, nos quais se realizam eleições é, mais uma vez, irmos atrás do que se faz lá fora, hábito que já nos criaram tantos problemas e, quanto mais não fosse por isso, devíamos evitá-lo.
Angola vive das etapas mais difíceis enquanto país independente, com o surgimento do novo coronavírus que continua a ceifar vidas humanas por esse mundo fora, a desbaratar economias tidas como robustas, com encerramento de empresas sólidas dos mais variados ramos e despedimentos em massa de trabalhadores de todos os níveis, dos mais especializados e aos mais modestos. Deixemos, pois, de parte, interesses pessoais e partidários, olhemos para os interesses comuns e demos outro exemplo de grandeza como povo que conseguiu, por si só, a reconciliação entre irmãos desavindos e silenciar as armas.
Angola vive das etapas mais difíceis enquanto país independente, com o surgimento do novo coronavírus que continua a ceifar vidas humanas por esse mundo fora, a desbaratar economias tidas como robustas, com encerramento de empresas sólidas dos mais variados ramos e despedimentos em massa de trabalhadores de todos os níveis, dos mais especializados e aos mais modestos