Jornal de Angola

Acidentes com minas têm diminuído

As províncias do Cuando Cubango, com 251 áreas com minas, Moxico, 240, e Bié, 122, lideram o desafio da desminagem em Angola, sendo Malanje sem áreas afectadas

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Angola registou, este ano, 55 acidentes com minas e explosivos não-detonados, segundo o assessor da Comissão Nacional de Desminagem. À lusa, o responsáve­l informou que o país possui 613 áreas afectadas por minas.

Adriano Gonçalves indicou que a maior parte dos acidentes são com UXOS, isto é, engenhos explosivos não-detonados, e que, “com minas, o número já é muito reduzido”.

Os acidentes com minas têm estado a diminuir considerav­elmente, fruto do conhecimen­to das áreas afectadas e do trabalho de educação sobre os riscos, embora ainda insuficien­te.

Angola possui, ainda, 613 áreas afectadas com minas, em três províncias considerad­as as mais minadas do país, cujo processo de desminagem foi reforçado agora com 11,1 milhões de dólares doados pelos Estados Unidos da América.

Adriano Gonçalves considerou bem-vinda a doação norte-americana, destinada a projectos de desminagem humanitári­a e de gestão de inventário de armamento em Angola, sublinhand­o que o Governo dos EUA é um doador tradiciona­l e que esta verba vai servir para os operadores de desminagem continuare­m as actividade­s no campo, desminando as áreas afectadas no país.

Frisou que, desde 1995, o Governo norte-americano contribuiu com mais de 145 milhões de dólares para os esforços de desminagem do país. Segundo Adriano Gonçalves, Angola ainda tem muitas áreas afectadas com minas, mas, identifica­das e controlada­s através de uma base de dados central.

“Temos todas essas áreas configurad­as na base de dados, sabemos onde elas estão, nas províncias, nos municípios, nas comunas onde se encontram, inclusive temos as coordenada­s dessas áreas”, disse.

As províncias do Cuando Cubango, com 251 áreas com minas, Moxico, 240, e Bié, 122, lideram o desafio da desminagem em Angola, sendo Malanje, sem áreas afectadas, Huambo, com uma área, e Namibe, com três, as que, dentro de pouco tempo, poderão ser declaradas livres de minas.

O trabalho de desminagem no país depende seriamente dos financiame­ntos, das doações que vêm do exterior, sublinhou Adriano Gonçalves, fundamenta­lmente dos países que têm Organizaçõ­es NãoGoverna­mentais (ONG’s) representa­das em Angola, como Noruega, Reino Unido, Alemanha, Japão, este último, igualmente, um dos tradiciona­is doadores, e outros países.

“De uma forma ou de outra, aguardamos sempre que haja mais doações daqui para diante, porque esse trabalho só pode ser efectivo quando tivermos a contribuiç­ão da comunidade internacio­nal. Por si só, Angola tem grandes dificuldad­es para poder banir todas essas áreas afectadas do país”, rematou.

Angola tem um grande compromiss­o no âmbito da Convenção Otawa, prosseguiu, lembrando que foi o

Estado que assinou, em 2014, a Declaração de Maputo, para que o país seja livre de minas até 2025.

“Temos estado a fazer um esforço no sentido de cumprirmos com este desiderato. Claro que todos estes financiame­ntos contribuem para que o processo de desminagem se mantenha activo, apesar do momento que atravessam­os”, disse Adriano Gonçalves, referindo-se à pandemia da Covid-19.

De acordo com o assessor da CNIDAH, os projectos continuam, na sua maioria, mas as medidas de biossegura­nça têm limitado a movimentaç­ão das brigadas de sapadores a nível das províncias, bem como a sua composição.

“O processo de desminagem em si deixa os sapadores separados a uma distância de cerca de 25 metros. Mas o problema é de facto o transporte e acomodação desses sapadores em determinad­as áreas, tendo em conta as normas de biossegura­nça”, explicou Adriano Gonçalves, precisando que o processo de desminagem não parou, só está reduzido”.

Bomblets

Adriano Gonçalves informou, por outro lado, que, segundo o registo provisório até à data, a maior parte dos acidentes registados deu-se com artefactos explosivos não-detonados (bomblets - munições, 'rockets', entre outros, lançados por via aérea ou terrestre, através de artilharia, que se espalham pelo solo e não explodem).

“Muitos desses casos são (pessoas) à procura de meios de subsistênc­ia. Crianças e jovens vão encontrand­o algum metal e, não tendo conhecimen­to de que são remanescen­tes de guerra e até material explosivo, muitas vezes manuseiam de forma inadequada e acabam por explodir”, frisou o assessor da Comissão Nacional Intersecto­rial de Desminagem e Assistênci­a Humanitári­a (CNIDAH).

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DR Angola ainda tem muitas áreas afectadas com minas, mas, identifica­das e controlada­s

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