Continuam as construções anárquicas no Sequele
As construções anárquicas no Santuário dos Imbondeiros, no Sequele, em Luanda, continuam, 24 horas depois dos tumultos ocorridos na terça-feira, em que invasores de terrenos insurgiram-se contra os fiscais da Administração de Cacuaco.
Além disso, os invasores criaram barricadas, atearam fogo a objectos, interditaram os dois sentidos da via principal, vandalizaram viaturas e agrediram transeuntes que faziam imagens da insurgência.
O cenário no Santuário é de devastação. Por todo o lado, há imbondeiros derrubados. Os materiais de construção, como areia, britas, burgau e blocos são colocados no local durante à noite e, no dia seguinte, começam as obras. Antes disso, primeiro, os invasores identificam os terrenos, onde constroem casebres de chapas de zinco, para depois erguerem as casas definitivas.
À reportagem do Jornal de Angola, os invasores alegaram que não tinham para onde ir e que só deixariam o local se lhes fosse dado moradias ou documentos que comprovassem a posse da terra.
“Também somos angolanos e temos direitos. Se não querem que construamos aqui, que nos dêem uma casa ou documento que comprova a posse do terreno”, disse um dos invasores, que não quis ser identificado.
Depois dos tumultos, que deixaram um morto, três pessoas feridas e 50 pessoas detidas, moradores da Centralidade do Sequele exigem das autoridades combate implacável à invasão de terrenos.
“Enquanto moradores preocupa-nos essa situação, porque as construções podem provocar outros problemas sociais, como prostituição e criminalidade. É hora das autoridades acabar com anarquia”, disse Ana Vaz, que presenciou os tumultos ocorridos durante o período da manhã de terça-feira.
Há oito anos a viver no Sequele, Maurício Francisco conta que quase foi vítima de invasores de terrenos, que alegavam serem proprietários do espaço onde tem uma oficina de automóveis.
“Um dia apareceu aqui uma velha acompanhada de supostos filhos e netos, alegando ser proprietária do terreno. Simplesmente disselhes que nada tinha a falar com os mesmos e que deviam se dirigir à Administração do Sequele. Nunca mais apareceram”, conta o mecânico de 33 anos.
Uma fonte da Administração do Distrito Urbano do Sequele revelou que efectivos do Serviço de Fiscalização tem percorrido as áreas ocupadas pelas construções anárquicas e que já foi feito o levantamento das pessoas envolvidas na invasão de terrenos. “Tais pessoas estão já identificadas e vão responder criminalmente”, garantiu.