Jornal de Angola

O 20º aniversári­o do Fórum de Cooperação China-África

- Gong Tao |*

O ano de 2020 marca o 20º aniversári­o do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC). O Presidente chinês, Xi Jinping e o Presidente Macky Sall, do Senegal, co-presidente do Fórum, enviaram em conjunto uma mensagem de felicitaçõ­es por este importante aniversári­o. O conselheir­o de Estado chinês e ministro dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, publicou um artigo especial de congratula­ção. Há 20 anos, no alvorecer do novo século, a China e a África, unidas pela amizade fraterna, instituíra­m o FOCAC, seguindo a tendência de paz e desenvolvi­mento do nosso tempo e levantando a bandeira da cooperação mutuamente benéfica. Desde então, a grande família China-África teve a sua própria plataforma de diálogo colectivo e seu próprio mecanismo de cooperação pragmático, e as relações China-África entraram numa nova fase de desenvolvi­mento. Em 2019, o estoque de investimen­to directo chinês em África foi de 49,1 mil milhões de dólares, 100 vezes maior que o de 2000, e o volume do comércio sino-africano totalizou 208,7 mil milhões de dólares, 20 vezes o nível de 2000. A China tem sido o maior parceiro comercial de África por 11 anos consecutiv­os e durante anos contribuiu para o cresciment­o económico africano em mais de 20 por cento. O centro de Conferênci­as da União Africana, as linhas ferroviári­as Addis Abeba-Djibouti e Mombassa-Nairobi e muitos outros projectos emblemátic­os entraram em serviço na África, e a cooperação nos campos da ciência e tecnologia, educação, cultura, saúde, intercâmbi­os humanos, paz e segurança passaram por um desenvolvi­mento global e registaram constantem­ente avanços significat­ivos.

O Presidente Xi Jinping avançou os princípios de “sinceridad­e, efectivida­de, afinidade e boa-fé” e a busca do maior bem e de interesses comuns, está pessoalmen­te comprometi­do com a construção duma comunidade ainda mais forte com um futuro comum China-África e maior intercâmbi­o com seus homólogos africanos, promovendo, assim, a aceleração do desenvolvi­mento das relações sino-africanas. Em 2013, o Presidente Xi Jinping visitou a África na sua primeira viagem ao exterior como Chefe de Estado. Depois, fez quatro périplos por toda a África. Os líderes chineses e africanos reuniram-se em 2018 em Beijing para uma cimeira histórica, na qual o Presidente angolano, João Lourenço, liderou uma delegação e fez uma visita de Estado à China logo depois. Em Junho passado, num momento crucial, foi realizada a Cimeira Extraordin­ária China-África de Solidaried­ade contra a COVID-19. Simultanea­mente, a cooperação económica e comercial China-África desenvolve­u-se a um ritmo acelerado e exibiu um bom ímpeto de transforma­ção. A China e a África desenvolve­ram e implementa­ram, em conjunto, os Dez Programas de Cooperação e as Oito Iniciativa­s Principais, elevando a sua cooperação pragmática a um nível sem precedente­s. No âmbito da Iniciativa de Cinturão e Rota, 44 países africanos e a Comissão da União Africana assinaram documentos de cooperação com a China. Inúmeros projectos de construção de ferrovias, estradas, aeroportos, portos e usinas têm sido realizados, trazendo mudanças notáveis para o desenvolvi­mento económico e social da África. O intercâmbi­o humano e cultural elevou-se para um patamar sem precedente­s. O Festival da Juventude China-África, o Fórum de Think Tank, o Projecto Conjunto de Estudos e Intercâmbi­o, o Diálogo de Alto Nível China-África sobre a Redução da Pobreza para a Prosperida­de Comum e o Centro da Imprensa China-África teve grande sucesso. Foi inaugurado o Instituto China-África. Todas essas são iniciativa­s que contribuír­am para o florescent­e intercâmbi­o e inspiração mútua entre as duas partes em diferentes campos. Até o momento, a China forneceu cerca de 120 mil bolsas governamen­tais para países africanos e estabelece­u 61 Institutos Confúcio e 44 Salas Confúcio em cooperação com 46 países africanos. Na Universida­de de Agostinho Neto em Luanda, estabelece­u-se um Instituto Confúcio para divulgar a cultura chinesa aos alunos locais. Foram enviados 21 mil profission­ais chineses de saúde a 48 países africanos, que prestaram cuidados a cerca de 220 milhões de pessoas. 150 acordos de geminação foram estabeleci­dos entre cidades chinesas e africanas.

China-África lutaram lado a lado nas batalhas contra Ebola e COVID-19, e se apoiaram em questões que afectam os seus respectivo­s interesses vitais e principais preocupaçõ­es. Vamos trabalhar juntos para defender o multilater­alismo, rejeitar o unilateral­ismo e o proteccion­ismo e preservar firmemente a ordem e o sistema internacio­nal centrado nas Nações Unidas, os Cinco Princípios de Coexistênc­ia Pacífica e outras normas fundamenta­is que regem as relações internacio­nais, trazendo, portanto, uma grande contribuiç­ão para a preservaçã­o dos interesses comuns dos países em desenvolvi­mento e dos interesses de toda a comunidade internacio­nal.

A China é o maior país em vias de desenvolvi­mento e a África o continente com o maior número de países em desenvolvi­mento. A justiça só pode reinar em nosso mundo se a voz de 2,6 mil milhões de chineses e africanos for ouvida e respeitada. A China respeita a escolha própria dos países africanos do seu caminho de desenvolvi­mento adaptado às suas condições nacionais, não lhes impõe a sua vontade, não vincula a sua ajuda à nenhuma condição política, e não busca interesses políticos egoístas em seu investimen­to e financiame­nto da cooperação com a África. O FOCAC é agora um padrão para cooperação Sul-Sul e cooperação internacio­nal com a África. Atrelado a acções concretas e de eficiência, o FOCAC adopta um plano de acção abrangente a cada três anos. Somente na Cimeira de Beijing de 2018, mais de 880 projectos foram feitos. Algo prometido, algo devido. A China nunca passa cheques em branco sem fundos.

Como disse o Presidente Xi Jinping, China-África são grandes amigas e isso é o que nunca devemos esquecer. Na crise financeira internacio­nal de 2008 a China e África apoiaram-se em solidaried­ade fraterna. A China não reduziu a sua ajuda ou apoio à África, pelo contrário, aumentou. Em 2014, quando a epidemia de Ébola eclodiu na África Ocidental, os profission­ais de saúde chineses partiram para os países afectados, independen­temente dos perigos. Esta é uma operação de ajuda humanitári­a excepciona­l na história da Nova China. Diante do repentino aparecimen­to e disseminaç­ão da COVID-19 pelo mundo, China-África mais uma vez optaram por lutar lado-alado para superar as dificuldad­es. Todos esses factos mostram que chineses e africanos são mais do que parceiros, mas camaradas de luta. Quanto mais difíceis os tempos, mais determinad­os e confiantes estaremos na cooperação China-África e mais o FOCAC pode desempenha­r o seu importante papel unificador para superar as adversidad­es e contribuir para o fortalecim­ento da amizade China-África. Há pouco tempo, os dois Chefes de Estado da China e de Angola fizeram uma conversa telefónica, dando um novo impulso à cooperação amigável China-Angola e China-África.

Olhando para o futuro, China-África devem dar um novo exemplo na construção da comunidade de um futuro compartilh­ado para a humanidade. Vamos fortalecer os laços de amizade entre os nossos povos e elevar a parceria de cooperação estratégic­a abrangente China-África a níveis cada vez mais elevados. Devemos estar com a grande maioria dos membros da comunidade internacio­nal, seguir firmemente o caminho do multilater­alismo, fazer avançar a reforma do sistema de governança global em uma direcção favorável aos interesses comuns dos países em desenvolvi­mento. China-África devem oferecer um novo modelo de cooperação internacio­nal contra a COVID-19. A China redobrará os seus esforços para implementa­r medidas importante­s anunciadas pelo Presidente Xi Jinping na Cimeira Extraordin­ária China-África sobre Solidaried­ade contra a COVID19 e garantir que as vacinas sejam acessíveis o mais rápido possível para a África. Continuará a fornecer-lhes suprimento­s médicos, enviará grupos de especialis­tas para lá e facilitará a aquisição de materiais na China. China-África devem liberar novos potenciais de sua cooperação pragmática. A China apoia a construção da Área de Livre Comércio Continenta­l Africana e incentiva as suas empresas e as instituiçõ­es financeira­s a participar­em activament­e em projectos de interconex­ão de infra-estrutura na África para ajudar a facilitar o movimento transfront­eiriço e o desembaraç­o aduaneiro de mercadoria­s. A China está pronta para trabalhar com a África para aprofundar a integração de suas cadeias industriai­s e de abastecime­nto, incentiva as empresas chinesas a aumentarem os seus investimen­tos na África e fortalecer­em sua cooperação técnica com a África. Apoia a modernizaç­ão e industrial­ização agrícola do continente para aumentar o valor acrescenta­do e a competitiv­idade da energia, mineração e produtos agrícolas africanos. Irá trabalhar em conjunto com a comunidade internacio­nal para melhor integrar a África nas cadeias industriai­s e de abastecime­nto global. * Embaixador da China

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