Albinos propõem inclusão nos programas didácticos
A Associação Mão Amiga de Restauração “AMAR”, uma organização que acolhe pessoas com deficiência e albinismo em Angola, vai remeter, nos próximos dias, ao Ministério da Educação uma proposta de inclusão sobre mitos e verdades nos programas didácticos do ensino primário.
Em declaração ao Jornal de Angola, o director do Departamento de Pessoas Portadoras de Deficiência Física e Albinismo, Eduardo Cambuale, disse que a discriminação que se assiste nos dias de hoje é o resultado de uma sociedade mal informada a respeito de pessoas com albinismo.
“Vamos remeter uma carta ao Ministério da Educação para que nos manuais de ensino passe a constar informação sobre algumas patologias, como HIV/Sida e paludismo, e também sobre pessoas com albinismo”, enfatizou.
O responsável da AMAR, criada em 2014, pondera igualmente encetar contactos com as estruturas do Estado angolano ligadas ao censo populacional, no sentido de se fazer um levantamento do número de albinos em Angola, com vista a criar um programa de saúde virado à pessoa com albinismo.
Com cerca de 200 membros, portadores de deficiência física e acima de 50 com albinismo, a AMAR está actualmente representada em três províncias: Luanda, Bengo e Benguela.
Os associados estudam a possibilidade de contacto com algumas unidades hospitalares da capital para a doação de sangue.
Sobre o assunto, Cláudio Daniel, responsável pelo Departamento de Albinismo, afirmou que as demais investigações apontam que as pessoas com albinismo podem doar sangue, sem risco nenhum.
“Cientificamente não há nenhum pressuposto que diz que o albino não é autorizado a doar sangue, porque o albinismo está simplesmente ligado a distúrbios na melanina e a melanina não está ligada à quantidade, nem à qualidade do sangue, que é produzida no corpo humano”, ressaltou Cláudio Daniel.
A AMAR procura manter o máximo possível de contactos com pessoas albinas, informando-as de que não são inválidas na sociedade. Há albinos com diversos problemas psicológicos causados pela depressão da discriminação.
Cláudio Daniel assegurou que a associação está a trabalhar para criar parcerias com algumas unidades hospitalares, a fim de ter uma certa facilidade no atendimento dos membros, devido a problemas com a doença da pele.
“Estes mesmos problemas surgem devido a queimaduras solares provocadas na pele. Assim, são geradas e multiplicadas as células cancerosas causadoras de diversos males, entre as quais feridas crónicas e incuráveis na pele”, precisou.