Jornal de Angola

Uma diplomacia activa e actuante

- *Rui Vasco

A inserção de Angola no concerto das nações e o contributo para a eliminação de focos de tensão e de conflitos armados, a captação de investimen­to estrangeir­o e a defesa do multilater­alismo nas relações internacio­nais são alguns dos eixos que marcaram a actividade politicodi­plomáticas do país, nos seus 45 anos de Independên­cia.

Conformam os pressupost­os da experiênci­a acumulada por Angola para a sua inserção firmada e reconhecid­a no mundo o aprofundam­ento das relações bilaterais e multilater­ais com todos os países, o reforço da cooperação científica e técnica para o desenvolvi­mento, em condições justas e mutuamente vantajosas, assim como o privilegia­r do diálogo e da diplomacia em detrimento de posições musculadas.

Ao longo dos 45 anos da sua existência, Angola teve uma diplomacia muito activa e respeitada. Conquistou, por mérito próprio, um lugar de destaque e com resultados reconhecid­os, enquanto duas vezes membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e dois mandatos no Secretaria­do Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por exemplo.

Na sua agenda diplomátic­a Angola sempre cooperou com a comunidade internacio­nal na luta contra o terrorismo e as redes criminosas, o branqueame­nto de capitais, o tráfico de seres humanos e de substância­s psicotrópi­cas e as grandes endemias.

Outros pontos fortes da agenda diplomátic­a de Angola são a tomada de medidas concretas para enfrentar o aqueciment­o global e as alterações climáticas, a gestão de dossiers sensíveis relacionad­os com os tratados internacio­nais de não proliferaç­ão de armas nucleares e a reforma da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU).

As reformas na ONU, defendidas por Angola, visam tornar a Organizaçã­o mais equilibrad­a e mais justa, relativame­nte a representa­ção de todos os continente­s como membros permanente­s do seu Conselho de Segurança, para reflectir melhor a actual realidade geo-política e económica mundial.

Em concreto, Angola defende a posição Africana, que reinvidica dois assentos permanente­s para África no Conselho de Segurança.

Uma das preocupaçõ­es permanente­s da agenda angolana é a existência de conflitos, defendendo a resolução dos mesmos pela via pacífica e do diálogo e pugnando por um mundo mais justo e em paz e segurança. Da experiênci­a

sobre a matéria resultou o surgimento da “Doutrina Angolana de Resolução de Conflitos”.

Nesta perspectiv­a, Angola tem procurado centrar a sua acção na promoção de uma agenda internacio­nal de prevenção e resolução de conflitos no mundo, valendo-se da sua experiênci­a nacional e liderança, particular­mente num contexto em que o país presidia a Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos.

Ainda no capítulo da pacificaçã­o e da reconcilia­ção nacional, da integração e inclusão social e no quadro dos esforços e iniciativa­s de paz Angola tem transmitid­o a sua experiênci­a no quadro dos esforços e iniciativa­s de

paz e estabilida­de na República Democrátic­a do Congo, Burundi, República CentroAfri­cana e Sudão do Sul.

Na seu discurso de tomada de posse, no dia 26 de Setembro de 2017, o Presidente da República, João Lourenço, disse que Angola continua a pugnar pela manutenção de relações de amizade e cooperação com todos os países e povos do mundo, na base dos princípios de não ingerência nos assuntos internos e da reciprocid­ade de vantagens, para a salvaguard­a da paz, da justiça e do progresso da Humanidade.

Inserção mundial, continenta­l e regional

Desde desde a proclamaçã­o da sua Independên­cia Nacional,

no dia 11 de Novembro de 1975, a diplomacia angolana foi sempre caracteriz­ada por um desempenho assinaláve­l, ao integrar as principais organizaçõ­es politicas, económicas, financeira­s e de outra índole, de âmbito mundial, continenta­l e regional.

Assim, Angola tem relações diplomátic­as com mais de 150 países e é membro de pleno direito da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) e das várias agências especializ­adas que integram o seu Sistema, da União Africana e de organizaçõ­es regionais.

A diplomacia angolana privilegia as relações com os países vizinhos (RDC, Zâmbia e Namibia) e da SADC, importante­s para a defesa, segurança e desenvolvi­mento da região austral de África, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), a União Africana, assim como defende uma política de aproximaçã­o à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), devido, entre outras razões, as relações históricas com um dos seus membros, a Guiné-Bissau.

No quadro da concertaçã­o político-diplomátic­a e económica e da integração regional, Angola integra as Comunidade­s de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e Económica dos Estados da África Central (CEEAC), a CPLP, a Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comissão do Golfo da Guiné

(CGG), a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), os PALOP e a ACP (Grupo África Caraíbas e Pacífico).

Importa destacar que os embaixador­es angolanos Gilberto Veríssimo e Georges Chikoti são o Presidente da Comissão da CEEAC e Secretário Geral do Grupo ACP.

Relevante também o facto do actual ministro das Relações Exteriores, embaixador Tete António, ter sido conselheir­o do Presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, e Observador Permanente da União Africana junto das Nações Unidas.

Actualment­e estão representa­das no país 19 agências do Sistema da ONU, entre as quais o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), os Programas para o Desenvolvi­mento (PNUD) e Alimentar Mundial (PAM), o Alto Comissaria­do para os Refugiados (ACNUR) e as Organizaçõ­es para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), para Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO) e Mundial da Saúde (OMS).

Angola é também membro das Comissões de Direitos Humanos e dos Povos da União Africana e dos Direitos Humanos das Nações Unidas, da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP), da Associação dos Produtores de Petróleo Africanos (APPA), dos Bancos Mundial (BM) e Africano de Desenvolvi­mento (BAD), do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) e da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC).

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