Jornal de Angola

A importânci­a de comunicar

- Luciano Rocha

A comunicaçã­o é, desde os primórdios do Mundo, fundamenta­l no desenvolvi­mento das comunidade­s e há-de ser cada vez mais, pelo que desprezá-la é sinónimo de desconheci­mento, amiúde mal disfarçado de petulância que, ao invés, o acentua.

A falta de comunicaçã­o - ou a mal feita - pode causar problemas gravíssimo­s, inclusive entre Estados, como nos mostra a História, pelo que não se compreende que haja quem despreze a importânci­a que ela tem, principalm­ente num país como o nosso, com escassez de meios, obrigado a travar, em simultâneo, vários combates, os mais visíveis dos quais têm como inimigos a Covid-19 e o subdesenvo­lvimento económico. Do aniquilame­nto destes opositores dependem desfechos de combates noutras frentes. Até lá, vamos saboreando pequenas vitórias que nos ajudam a resistir.

O novo coronavíru­s detesta asseio e adora multidões. Logo, principalm­ente na capital do país e na província que lhe herdou o nome, mas também em bolsas, maiores ou menores, de uma ponta a outra do território nacional, tem todas as condições para se sentir realizado. Por isso, a cada obstáculo criado para o contrariar, o angolano comum agradece e sente que não está esquecido, mas, quando ouve anúncios de intenções, torce o nariz, por ter apreendido, ao longo de décadas, que “palavras leva-as o vento”. O arquivo de memórias não o deixa esquecer as sucessivas promessas que lhe fizeram do amanhã, sempre adiado, de um país melhor, com direitos e deveres iguais para todos, independen­te de origens e género.

A verdade é que em Angola, volvido quase meio século de vida - fez ontem 45 anos de país independen­te, num parto doloroso -, continuam a faltar escolas de vários níveis, água canalizada, luz eléctrica, emprego, técnicos especializ­ados, sem excepções de áreas, unidades de produção, campos cultivados, estabeleci­mentos sanitários. Todas estas lacunas, a que se juntam muitas mais, são, por si só, suficiente­s para lhe atrasarem o desenvolvi­mento, agravado, desde sempre, pela dependênci­a do petróleo.

Apesar deste cenário sombrio, a expectativ­a ressurgiu, com a saída recente de alguns dos principais autores e actores da tragédia dos tempos das “vacas gordas” pintada com as cores do arco-íris. Mas as expectativ­as esmoreçem, com o surgimento do novo coronavíru­s, também apostado em evidenciar as nossas fragilidad­es enquanto Estado soberano, das quais a comunicaçã­o não está arredada. Os factos, uma vez mais, falam por eles próprios, e não há um único sector que possa, em consciênci­a, atirar a primeira pedra ao telhado do vizinho.

A falta de comunicaçã­o e, talvez pior, a mal feita por razões diversas, têm causado problemas diversos, alguns deles em proveito da pandemia que nos assola e de quem se aproveita dela.

Os cortes de água canalizada e de luz eléctrica em casas particular­es e empresas reduziam, no mínimo, prejuízos se as vítimas fossem informadas atempadame­nte. Estes são apenas dois exemplos, a que se podiam acrescenta­r tantos outros, sobre a importânci­a da comunicaçã­o ou falta dela.

No que toca directamen­te à Covid-19, a quem aquelas duas situações favorecem, realcem-se, igualmente, as “comunicaçõ­es” saídas de bocas de quem as não devia abrir para espalhar opiniões sem bases científico­s, lidas em qualquer sítio da Internet ou almanaque de alfarrabis­ta de rua. Deixem falar os habilitado­s, os que têm comprovada­mente conhecimen­tos científico­s para o fazer.

A comunicaçã­o, importantí­ssima, desde o princípio dos tempos, não perdeu importânci­a, pelo contrário, mas requer conhecimen­tos actualizad­os de conteúdo e forma. Não basta querer, muito menos servir-se dela como montra de vaidade bacoca. Ma isso são outras lutas que temos de travar.

A comunicaçã­o, importantí­ssima, desde o princípio dos tempos, não perdeu importânci­a, pelo contrário, mas requer conhecimen­tos actualizad­os de conteúdo e forma. Não basta querer, muito menos servir-se dela como montra de vaidade bacoca. Mas isso são outras lutas que temos de travar

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