A importância de comunicar
A comunicação é, desde os primórdios do Mundo, fundamental no desenvolvimento das comunidades e há-de ser cada vez mais, pelo que desprezá-la é sinónimo de desconhecimento, amiúde mal disfarçado de petulância que, ao invés, o acentua.
A falta de comunicação - ou a mal feita - pode causar problemas gravíssimos, inclusive entre Estados, como nos mostra a História, pelo que não se compreende que haja quem despreze a importância que ela tem, principalmente num país como o nosso, com escassez de meios, obrigado a travar, em simultâneo, vários combates, os mais visíveis dos quais têm como inimigos a Covid-19 e o subdesenvolvimento económico. Do aniquilamento destes opositores dependem desfechos de combates noutras frentes. Até lá, vamos saboreando pequenas vitórias que nos ajudam a resistir.
O novo coronavírus detesta asseio e adora multidões. Logo, principalmente na capital do país e na província que lhe herdou o nome, mas também em bolsas, maiores ou menores, de uma ponta a outra do território nacional, tem todas as condições para se sentir realizado. Por isso, a cada obstáculo criado para o contrariar, o angolano comum agradece e sente que não está esquecido, mas, quando ouve anúncios de intenções, torce o nariz, por ter apreendido, ao longo de décadas, que “palavras leva-as o vento”. O arquivo de memórias não o deixa esquecer as sucessivas promessas que lhe fizeram do amanhã, sempre adiado, de um país melhor, com direitos e deveres iguais para todos, independente de origens e género.
A verdade é que em Angola, volvido quase meio século de vida - fez ontem 45 anos de país independente, num parto doloroso -, continuam a faltar escolas de vários níveis, água canalizada, luz eléctrica, emprego, técnicos especializados, sem excepções de áreas, unidades de produção, campos cultivados, estabelecimentos sanitários. Todas estas lacunas, a que se juntam muitas mais, são, por si só, suficientes para lhe atrasarem o desenvolvimento, agravado, desde sempre, pela dependência do petróleo.
Apesar deste cenário sombrio, a expectativa ressurgiu, com a saída recente de alguns dos principais autores e actores da tragédia dos tempos das “vacas gordas” pintada com as cores do arco-íris. Mas as expectativas esmoreçem, com o surgimento do novo coronavírus, também apostado em evidenciar as nossas fragilidades enquanto Estado soberano, das quais a comunicação não está arredada. Os factos, uma vez mais, falam por eles próprios, e não há um único sector que possa, em consciência, atirar a primeira pedra ao telhado do vizinho.
A falta de comunicação e, talvez pior, a mal feita por razões diversas, têm causado problemas diversos, alguns deles em proveito da pandemia que nos assola e de quem se aproveita dela.
Os cortes de água canalizada e de luz eléctrica em casas particulares e empresas reduziam, no mínimo, prejuízos se as vítimas fossem informadas atempadamente. Estes são apenas dois exemplos, a que se podiam acrescentar tantos outros, sobre a importância da comunicação ou falta dela.
No que toca directamente à Covid-19, a quem aquelas duas situações favorecem, realcem-se, igualmente, as “comunicações” saídas de bocas de quem as não devia abrir para espalhar opiniões sem bases científicos, lidas em qualquer sítio da Internet ou almanaque de alfarrabista de rua. Deixem falar os habilitados, os que têm comprovadamente conhecimentos científicos para o fazer.
A comunicação, importantíssima, desde o princípio dos tempos, não perdeu importância, pelo contrário, mas requer conhecimentos actualizados de conteúdo e forma. Não basta querer, muito menos servir-se dela como montra de vaidade bacoca. Ma isso são outras lutas que temos de travar.
A comunicação, importantíssima, desde o princípio dos tempos, não perdeu importância, pelo contrário, mas requer conhecimentos actualizados de conteúdo e forma. Não basta querer, muito menos servir-se dela como montra de vaidade bacoca. Mas isso são outras lutas que temos de travar