Exército federal ocupa o aeroporto de Tigray
O Exército da Etiópia tomou, na terça-feira, um aeroporto na região de Tigray, numa ofensiva contra líderes locais que desafiam a autoridade do Primeiro- Ministro Abiy Ahmed, revelou a BBC ,citando a imprensa local, numa altura em que a União Africana (UA) pede o cessar-fogo na região.
A emissora estatal EBC referiu a tomada do aeroporto, num conflito que já regista centenas de mortes e em relação ao qual alguns temem que se possa converter numa guerra civil, dada a profundidade das hostilidades entre os tigrínios e o Governo de Abiy Ahmed, que pertence ao grupo étnico maioritário Oromo.
Várias forças de Tigray renderam-se durante a tomada do aeroporto da cidade de Humera, próxima da fronteira com Sudão e a Eritreia. Além disso, os militares tomaram o controlo de uma rodovia que liga a cidade com a fronteira sudanesa.
O Primeiro-Ministro Abiy Ahmad, Prémio Nobel da Paz em 2019, ordenou ataques aéreos e enviou tropas para Tigray na semana passada, após acusar a TPLF de atacar uma base militar. Os tigrínios dizem que o Governo de Abiy os oprime e discrimina, e agiu de forma autocrática ao cancelar uma eleição nacional.
Os desentendimentos entre o Primeiro-Ministro Etiope e a FPLT, datam de há algum tempo, quando o grupo separatista começou a acusar o governante etíope, eleito em 2018, de querer reduzir a sua influência na capital, afastando-os do Governo e multiplicando a corrupção.
Também não concordam com o acordo de paz assinado com a Eritreia, três meses depois de Aby Amey ter chegado ao poder, valendo-lhe o Prémio Nobel da Paz, em 2019.
Acrescentado a isso, é o facto de Tigray ter desafiado o poder central, organizando eleições, apesar a proibição decretada por Addis Abeba, por causa da Covid-19.
A Constituição etíope concede uma larga autonomia às regiões, incluindo a possibilidade de secessão. Os tigrinos representam seis por cento da população etíope, mas a sua região é a mais militarizada do país, ocupando um importantíssimo lugar no comando das Forças Armadas.