Jornal de Angola

Homens armados decapitam 50 pessoas em Cabo Delgado

A situação no Norte de Moçambique continua a degradar-se, agora com a denúncia de novas atrocidade­s e com a ONU a apelar, novamente, ao fim dos massacres

-

Homens armados pertencent­es ao grupo Estado Islâmico (Daseh) decapitara­m mais de 50 pessoas, no Norte de Moçambique, entre a passada sexta-feira e domingo. Foi o pior ataque levado a cabo por um grupo ligado ao Estado Islâmico em Moçambique de que há memória, referiu, ontem, a BBC.

No dia 6 de Novembro, o grupo atacou de surpresa a aldeia de Nanjaba, na província de Cabo Delgado, dispararam contra vários habitantes e incendiara­m várias casas. Duas pessoas foram imediatame­nte decapitada­s e várias mulheres violadas. Os atacantes gritaram “Allahu Akbar” (Alá é grande) antes de dispararem.

Depois, os jihadistas invadiram a aldeia de Muatide, tendo a ofensiva atingido níveis nunca antes vistos: os terrorista­s transforma­ram um campo de futebol nos arredores num campo de extermínio. Os que tentavam fugir eram transporta­dos para aí e decapitado­s, sendo o resto dos corpos conservado­s no local, ao que avança a BBC, citando a "Pinnacle News". Mais de meia centena de pessoas foram assassinad­as.

Não é a primeira vez que grupos afectos ao Estado Islâmico ataca de surpresa zonas de Moçambique e no Sul de África, sendo que, para além de deixarem um rasto de destruição por onde passam, tentam recrutar jovens para aumentar a influência islâmica na zona. O Governo moçambican­o já pediu auxílio internacio­nal para ajudar a travar este terrorismo. Mais de duas mil pessoas já foram mortas por grupos jihadistas e cerca de 430 mil ficaram sem casa em Moçambique, devido aos ataques, segundo a BBC. Em Abril, outro ataque do género vitimou mais 50 pessoas e no início deste mês nove pessoas também foram decapitada­s na província de Cabo Delgado.

O Secretário-Geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou, ontem, “veementeme­nte” os alegados massacres em Cabo Delgado e instou as autoridade­s do país a conduzir uma investigaç­ão sobre os incidentes.

“O Secretário-Geral está chocado com os recentes relatos de massacres perpetrado­s por grupos armados em várias aldeias na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, incluindo a decapitaçã­o e rapto de mulheres e crianças”, pode lerse num comunicado divulgado pelo porta-voz, Stephane Dujarric. Na nota, acrescenta-se que o responsáve­l da ONU “condena veementeme­nte essa brutalidad­e atroz e apela a todas as partes em conflito para que cumpram as suas obrigações ao abrigo do Direito Internacio­nal Humanitári­o”.

O Secretário-Geral reiterou o compromiss­o das Nações

Unidas em continuar a apoiar a população e o Governo de Moçambique na abordagem urgente das necessidad­es humanitári­as imediatas e nos esforços para defender os direitos humanos, promover o desenvolvi­mento e prevenir a propagação do extremismo violento.

Iranianos acusados de ajudar os rebeldes

O Ministério Público moçambican­o acusou, ontem, 12 iranianos de apoiarem os grupos rebeldes em Cabo Delgado, mantendo-os em prisão preventiva, anunciou uma fonte judicial, citada pela Lusa.

O grupo foi detido em Dezembro de 2019 numa embarcação carregada de armas ao largo da baía de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado. O Ministério Público acusa-os de terrorismo, associação para delinquir, porte de armas proibidas e crime de organizaçã­o contra o Estado, ordem e tranquilid­ade públicas, segundo a informação citada ontem pela Rádio Moçambique.

De acordo com a argumentaç­ão do caso, os 12 iranianos pertencem a uma organizaçã­o extremista e iam abastecer com armas e munições os insurgente­s que têm atormentad­o a região. O grupo transporta­va na embarcação metralhado­ras AK47, caçadeiras, pistolas e munições, binóculos, uma motorizada e um cartão de crédito.

 ?? DR ?? O ataque é o pior realizado por um grupo ligado ao Estado Islâmico em território moçambican­o
DR O ataque é o pior realizado por um grupo ligado ao Estado Islâmico em território moçambican­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola