Vísceras de peixe Corvina viram fonte de rendimento
Este órgão do peixe está a ser usado para a feitura de unhas plásticas, botões de roupa, cola e outros produtos, sendo cidadãos asiáticos os principais compradores
Uma nova forma de ganhar dinheiro no mercado informal está a ganhar corpo, a cada dia que passa, em várias praias da cidade de Luanda.
À semelhança do que acontece com material metálico e de bronze, muito procurado, nos dias de hoje, para serem comercializados em fábricas metalúrgicas, é chegada, agora, a vez de vísceras da Corvina, Garoupa e do Bacalhau.
Este órgão do peixe está a ser, segundo os envolvidos no negócio, usado para a feitura de unhas plásticas, botões de roupa, cola e outros produtos.
Os maiores compradores são cidadãos asiáticos, detentores de casas de manicure e pedicure, espalhadas pela capital.
A procura pelas vísceras, vulgarmente apelidadas de “Bucho”, começa cedo, nas praias, com as peixeiras, escamadores e vários adolescentes na linha da frente. Um quilo é vendido a 16 mil kwanzas.
Segundo relatos de quem faz o negócio há muito tempo, é possível arrecadar-se, quando se consegue reunir uma boa quantidade de vísceras, mais de 200 mil kwanzas por dia.
A reportagem do Jornal de Angola deslocou-se em alguns mercados e praias, como a da Mabunda, Ramiros, Cacuaco e Ilha em Luanda, para ver como tudo se processa.
No local, o aglomerado de pessoas, movimentando-se de um lado para o outro, à procura de peixe para alimentação, esconde o negócio. Mas não por muito tempo. Basta comprar uma Corvina, Garoupa e/ou Bacalhau e pedir para ser escamado, para, num ápice, ser rodeado por vários jovens. São os homens que recolhem as vísceras, para vender aos asiáticos.
“Isso não é lixo, mas sim bucho, que dá-nos sustento”, disse Loy Costa, pescador na Ilha de Luanda, há mais de dez anos. Garantiu à nossa reportagem que vive deste
trabalho há muitos anos e que os estrangeiros, além de comprar o peixe, pagam também pelo bucho, com o quilo a custar, muitas vezes, mais de 16 mil kwanzas. Frederico Augusto, pescador da Praia da Mabunda e vendedor de
vísceras aos chineses e turistas, disse à nossa reportagem que não sabe para que servem. “Só secamos e vendemos essa parte do peixe, alguns dizem que é para fazer cola, unhas ou mesmo botões, até hoje não sei a quem acreditar”.
Joaquim Azevedo, pescador há mais de oito anos e comerciante de bucho no mercado do peixe no Ramiro, disse que vende diariamente mais de dez quilos do produto em causa e que os chineses são os maiores compradores.