Jornal de Angola

Vísceras de peixe Corvina viram fonte de rendimento

Este órgão do peixe está a ser usado para a feitura de unhas plásticas, botões de roupa, cola e outros produtos, sendo cidadãos asiáticos os principais compradore­s

- Alberto Quiluta

Uma nova forma de ganhar dinheiro no mercado informal está a ganhar corpo, a cada dia que passa, em várias praias da cidade de Luanda.

À semelhança do que acontece com material metálico e de bronze, muito procurado, nos dias de hoje, para serem comerciali­zados em fábricas metalúrgic­as, é chegada, agora, a vez de vísceras da Corvina, Garoupa e do Bacalhau.

Este órgão do peixe está a ser, segundo os envolvidos no negócio, usado para a feitura de unhas plásticas, botões de roupa, cola e outros produtos.

Os maiores compradore­s são cidadãos asiáticos, detentores de casas de manicure e pedicure, espalhadas pela capital.

A procura pelas vísceras, vulgarment­e apelidadas de “Bucho”, começa cedo, nas praias, com as peixeiras, escamadore­s e vários adolescent­es na linha da frente. Um quilo é vendido a 16 mil kwanzas.

Segundo relatos de quem faz o negócio há muito tempo, é possível arrecadar-se, quando se consegue reunir uma boa quantidade de vísceras, mais de 200 mil kwanzas por dia.

A reportagem do Jornal de Angola deslocou-se em alguns mercados e praias, como a da Mabunda, Ramiros, Cacuaco e Ilha em Luanda, para ver como tudo se processa.

No local, o aglomerado de pessoas, movimentan­do-se de um lado para o outro, à procura de peixe para alimentaçã­o, esconde o negócio. Mas não por muito tempo. Basta comprar uma Corvina, Garoupa e/ou Bacalhau e pedir para ser escamado, para, num ápice, ser rodeado por vários jovens. São os homens que recolhem as vísceras, para vender aos asiáticos.

“Isso não é lixo, mas sim bucho, que dá-nos sustento”, disse Loy Costa, pescador na Ilha de Luanda, há mais de dez anos. Garantiu à nossa reportagem que vive deste

trabalho há muitos anos e que os estrangeir­os, além de comprar o peixe, pagam também pelo bucho, com o quilo a custar, muitas vezes, mais de 16 mil kwanzas. Frederico Augusto, pescador da Praia da Mabunda e vendedor de

vísceras aos chineses e turistas, disse à nossa reportagem que não sabe para que servem. “Só secamos e vendemos essa parte do peixe, alguns dizem que é para fazer cola, unhas ou mesmo botões, até hoje não sei a quem acreditar”.

Joaquim Azevedo, pescador há mais de oito anos e comerciant­e de bucho no mercado do peixe no Ramiro, disse que vende diariament­e mais de dez quilos do produto em causa e que os chineses são os maiores compradore­s.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Joaquim Azevedo, pescador há mais de oito anos, diz que vende diariament­e mais de dez quilos

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