Jornal de Angola

População aguarda por uma ponte sobre o rio Cunene

Sair do Chipindo ao Caluquembe seria mais rápido e fácil se o troço que passa por Caconda estivesse em boas condições de circulação. Mas, por falta de uma ponte, torna-se arriscado viajar naquela zona

- Arão Martins |Chipindo

Para facilitar a circulação de pessoas e bens, a população de Chipindo, na Huíla, clama, há anos, pela colocação de uma ponte metálica sobre o rio Cunene, no troço que liga o município a Caconda.

Actualment­e, a travessia é feita por canoa, o que constitui grande risco para a população, que teme por jacarés. O cantor Fresh Miva, 35 anos, que tem a irmã internada no Hospital da Igreja Evangélica Sinodal de Angola, em Caluquembe, não sabe como fazer para chegar até lá.

Segundo o artista, sair do Chipindo à Caluquembe seria mais rápido e fácil se o troço que passa por Caconda estivesse em condições. “Mas, por falta de uma ponte, tornase arriscado viajar naquele troço”, lamenta, para de seguida avançar que por causa das condições da via, muitas vezes viu-se obrigado a rejeitar convites para actuar em vários eventos organizado­s nos municípios da Matala, Quipungo, Caluquembe, Caconda e Lubango.

Explicou por exemplo que, ao fazer a ligação LubangoChi­pindo vê-se obrigado a passar pelo município de Cuvango, para de seguida avançar em direcção à comuna do Cuima, município da Caála, no Huambo, para chegar até à sede provincial da Huíla.

“A viagem, pela via de Caconda, seria muito mais rápida. É só colocarem uma ponte sobre o rio e a nossa vida vai melhorar significat­ivamente”, referiu.

Natural do Lubango, Lucas Boaventura, antigo professor de Informátic­a num dos centros de referência nas terras altas da Chela, transferiu-se, há seis meses, para o Chipindo, onde procura por uma nova oportunida­de de emprego.

O jovem sublinha que, devido às péssimas condições em que se apresentam as vias de acesso, os moradores de Chipindo enfrentam enormes desafios. “Para se deslocar ao Lubango, é mais fácil optar pela via do Huambo, porque, apesar da distância, os riscos são menores”, disse.

Lucas Boaventura defende a colocação urgente da ponte, para evitar os possíveis riscos que a população enfrenta, sobretudo na época chuvosa, com o aumento do caudal do rio. “A viagem é complicada. A travessia é feita de canoa”, explicou.

Do Chipindo ao Lubango, caso haja uma travessia segura na ponte sobre o rio Cunene, a viagem, de acordo com o professor Fernando Tchikule, pode durar apenas entre 4 a 5 horas. “A ponte vai melhorar, também, o processo de escoamento dos alimentos cultivados na localidade, dos campos agrícolas para os grandes centros comerciais”, destacou Tchikule. Pela via do Chipindo/Cuvango/Lubango, os cidadãos desembolsa­m entre 8 a 9 mil kwanzas. Pagam os mesmos valores monetários quando optam passar pela via do Huambo.

Acções do PIIM

O professor Fernando Tchikule lembrou que o Chipindo já foi considerad­o a terra mais distante da Huíla, e que, actualment­e ganhou o estatuto de “terra em desenvolvi­mento”, devido ao impacto das acções do Governo, em curso.

Outra moradora, Avelina António, disse que está cada vez mais difícil transferir os doentes em estado grave, do Chipindo para o Lubango. “É quase impossível, por isso muitos doentes vão parar ao Huambo. Mas a via também não está muito boa”, contou, acrescenta­ndo de seguida que os doentes em estado grave podem perder a vida durante o percurso.

Recorrer ao libanês para ter dinheiro

A falta de uma agência bancária para facilitar as transações financeira­s preocupa a população de Chipindo, localidade que dista cerca de 456 quilómetro­s a leste da cidade do Lubango. Como alternativ­a, funcionári­os públicos e outros, com necessidad­es de ter dinheiro em mãos, dirigem-se à cantina de um cidadão de nacionalid­ade libanesa, onde recebem dinheiros a troco de uma comissão.

Para ter acesso aos seus ordenados, o professor Paulo Cuva desloca-se até ao município de Caconda. O mesmo explicou que devido a distância, os cidadãos optam por ir ao libanês. “Por exemplo, para quem precisa de mil kwanzas deve riscar 1.100 no TPA do libanês. Portanto, os 100 kwanzas servem de comissão ao proprietár­io do aparelho e do dinheiro”, esclareceu.

O mesmo processo, prosseguiu, acontece para quem solicita 10 mil kwanzas. “Neste caso, o solicitant­e deve riscar 11 mil, deixando mil kwanzas com o libanês. Por isso, defendemos a instalação urgente de uma agência bancária neste município, para acabar com esse tipo de transacção, que apesar de facilitar a vida do munícipe, também causa prejuízos”, reconheceu.

Lucas Boaventura defende a colocação urgente da ponte sobre o rio Cunene para evitar os possíveis riscos que a população enfrenta, sobretudo na época chuvosa, com o aumento do caudal do rio

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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | CHIPINDO Governador da Huíla, Luís Nunes, inteirou-se dos projectos do PIIM em curso no Chipindo

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