Director e encenador angolano defende mais bases científicas
O director artístico e encenador Francisco Makiesse manifestou, ontem, em Luanda, preocupação pelo facto do teatro estar a ser desenvolvido sem bases académicas e científicas, condição fundamental para propiciar em palco uma melhor reinterpretação do quotidiano.
Francisco Makiesse, que foi um dos oradores de uma oficina, denominada “Bate Papo”, no âmbito de mais uma edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), que decorre até o dia 28, na capital do país, reconhece que a história do desenvolvimento das artes cénicas nacionais foi feita, por anos, sem a exploração dos aspectos científicos.
Sem invalidar o trabalho produzido pelos directos artísticos e encenadores ao longo dos anos, o encenador disse que a Escola Superior de Artes tem permitido, actualmente, formar muitos jovens sobre a matéria.
Por esse motivo, destacou a importância da especialização, de forma a permitir um cruzamento harmonioso entre os distintos especialistas. “Desta forma o produto final poderá se transfigurar num objecto de estudos.”
“O problema dos fazedores de teatro é não conseguir fazer a interpretação textual. O mais importante é orientálos no processo de preparação para um espectáculo”, disse, acrescentando que, normalmente, a performance do actor em palco, tem sido com base no que é determinado pelo encenador ou director. “O correcto seria o próprio actor ter a capacidade de desenvolver por si próprio outras valências e não ficar muito dependente”.
Como aprender a ler uma peça de teatro, é, entre outros assuntos, um aspecto fundamental para o fomento de futuros críticos, capazes de criar momentos de reflexão sobre alguns espectáculos e, simultaneamente, aumentar a qualidade técnica e estética destes.
Outro aspecto essencial para o encenador é fazer uma abordagem profunda sobre “a necessidade de interpretar do texto a encenação e da representação a expressão”, pelo facto de muitos grupos fazem inúmeros exercício durante os ensaios, mas depois na montagem da peça estes tornam-se inválidos.
“Muitos encenadores ainda pensam que dar a capacidade de memorização de um texto aos actores é a solução para uma excelente representação”, lamentou, adiantando que o fundamental é a capacidade de exploração corporal do actor e o enquadramento vocal em palco.