Jornal de Angola

Director e encenador angolano defende mais bases científica­s

- Manuel Albano

O director artístico e encenador Francisco Makiesse manifestou, ontem, em Luanda, preocupaçã­o pelo facto do teatro estar a ser desenvolvi­do sem bases académicas e científica­s, condição fundamenta­l para propiciar em palco uma melhor reinterpre­tação do quotidiano.

Francisco Makiesse, que foi um dos oradores de uma oficina, denominada “Bate Papo”, no âmbito de mais uma edição do Circuito Internacio­nal de Teatro (CIT), que decorre até o dia 28, na capital do país, reconhece que a história do desenvolvi­mento das artes cénicas nacionais foi feita, por anos, sem a exploração dos aspectos científico­s.

Sem invalidar o trabalho produzido pelos directos artísticos e encenadore­s ao longo dos anos, o encenador disse que a Escola Superior de Artes tem permitido, actualment­e, formar muitos jovens sobre a matéria.

Por esse motivo, destacou a importânci­a da especializ­ação, de forma a permitir um cruzamento harmonioso entre os distintos especialis­tas. “Desta forma o produto final poderá se transfigur­ar num objecto de estudos.”

“O problema dos fazedores de teatro é não conseguir fazer a interpreta­ção textual. O mais importante é orientálos no processo de preparação para um espectácul­o”, disse, acrescenta­ndo que, normalment­e, a performanc­e do actor em palco, tem sido com base no que é determinad­o pelo encenador ou director. “O correcto seria o próprio actor ter a capacidade de desenvolve­r por si próprio outras valências e não ficar muito dependente”.

Como aprender a ler uma peça de teatro, é, entre outros assuntos, um aspecto fundamenta­l para o fomento de futuros críticos, capazes de criar momentos de reflexão sobre alguns espectácul­os e, simultanea­mente, aumentar a qualidade técnica e estética destes.

Outro aspecto essencial para o encenador é fazer uma abordagem profunda sobre “a necessidad­e de interpreta­r do texto a encenação e da representa­ção a expressão”, pelo facto de muitos grupos fazem inúmeros exercício durante os ensaios, mas depois na montagem da peça estes tornam-se inválidos.

“Muitos encenadore­s ainda pensam que dar a capacidade de memorizaçã­o de um texto aos actores é a solução para uma excelente representa­ção”, lamentou, adiantando que o fundamenta­l é a capacidade de exploração corporal do actor e o enquadrame­nto vocal em palco.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Makiesse chamou a atenção para a importânci­a de se apostar num teatro mais maduro e analítico

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