Papa critica opositores ao uso da máscara
O Papa Francisco, num livro publicado segunda-feira, criticou os opositores ao uso de máscaras ou outras restrições impostas para conter a pandemia da Covid-19, sublinhando que nunca se manifestariam contra a morte do afro-americano George Floyd.
"Alguns grupos têm protestado, recusando-se a manter a distância, manifestando-se contra as restrições às viagens - como se as medidas que os governos devem impor para o bem do povo constituíssem uma espécie de ataque político à liberdade individual", lamenta o Papa em "Un temps pour changer", livro de entrevistas que será publicado em francês a 2 de Dezembro pela editora francesa Flammarion.
Francisco insurge-se sobretudo contra os que dizem ser obrigados a usar máscara, obrigação descrita como "um abuso do poder do Estado", sem nunca se preocuparem com quem perdeu o emprego ou não tem previdência social.
"Nunca se verá essas pessoas a protestar contra a morte de George Floyd (...) São incapazes de sair do seu pequeno mundo de interesses", acrescenta o Papa, de nacionalidade argentina.
George Floyd, um afroamericano de 46 anos, morreu a 25 de Maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
A partir do momento em que foram divulgadas as imagens nas redes sociais, sucederam-se protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norteamericanas, algumas das quais foram palco de actos de pilhagem, bem como noutras partes do mundo.O Papa, muito empenhado na defesa das minorias, considerou na altura "intolerável" qualquer forma de racismo.
Os negacionistas não vão intervir nem "contra as favelas, onde as crianças carecem de água e educação", nem para que "as enormes somas investidas no comércio de armas sirvam para alimentar toda a raça humana e educar todas as crianças", considera Francisco no livro.
O Papa Francisco, de 83 anos, também critica longamente, sem os nomear, os governos "que ignoraram as dolorosas evidências do aumento do número de mortes com consequências inevitáveis e graves" a favor da economia.
No entanto, admite que a maioria dos governos "agiu com responsabilidade, impondo medidas estritas para conter a epidemia".