Alienação parcial da Sonangol deve ocorrer até finais de 2021
Ministra das Finanças fez saber, ontem, num directo da Bloomberg que o processo dependerá da reorganização que poderá ocorrer por via de Oferta Pública Inicial
A ministra das Finanças, Vera Daves, afirmou, ontem, durante uma transmissão em directo da Bloomberg sobre "Investir em África", que o Governo angolano planeia dar início à alienação parcial (transferência da propriedade) das empresas públicas Sonangol e Endiama até final de 2021 ou início de 2022.
De acordo com a ministra Vera Daves, este processo deve ocorrer, possivelmente, através de ofertas públicas iniciais (momento de abertura de capital de uma empresa na Bolsa de Valores).
O painel foi também integrado pelo ministro das Finanças do Ghana, Kenneth Ofori-Atta, da Economia, Planeamento e Cooperação do Senegal, Amadou Hott e pelo director do Centro Africano para Controlo e Prevenção de Doenças, John Nkengasong.
Na ocasião, a ministra disse que a venda é parte de um esforço do país para arrecadar dinheiro e impulsionar a economia. Nesse sentido, avançou que foram já vendidas 30 empresas no quadro do Programa de Privatizações (PROPRIV), que vai até 2022.
Segundo Vera Daves, neste momento, está em curso o processo de venda de participações da ENSA Seguros e do Banco de Comércio e Indústria (BCI), de um universo de 195 activos reservados no plano.
“Temos como alvo o final de 2021, início de 2022 para iniciar o processo de privatização das grandes empresas, como a Sonangol e a Endiama”, disse.
Explicou, nesse sentido, que a venda parcial poderia ser feita por meio de uma Oferta Pública Inicial (na sigla inglesa IPO).
Contudo, continuou, tudo isso vai depender de quão rápido consegue-se reorganizar essas empresas.
A previsão é garantir que, com o processo de "due diligence", se possa capturar o interesse de investidores de alta qualidade.
Nas explicações que procurou partilhar com a audiência virtual, Vera Daves passou em revista o processo de renegociação da dívida angolana com os credores externos e sobre a necessidade de continuar com as reformas económicas, sendo estas parte do programa de 4,5 mil milhões de dólares de que o país obteve, recentemente, aprovação do Fundo Monetário Internacional.
Para a ministra, a economia está a chegar num “ponto de inflexão” à medida que atinge o crescimento nulo em 2021 antes de regressar à expansão. Como disse, o crescimento será impulsionado pelo sector não petrolífero, com realce para a agricultura à medida que as reformas do Governo para diversificar a economia do petróleo começarem a produzir resultados. Aproveitou o momento para pedir aos jovens angolanos que nos últimos tempos saem à rua para manifestar indignação com o aumento do custo de vida e o desemprego para serem pacientes.
*com Bloomberg
A economia está a chegar num “ponto de inflexão” à medida que atinge o crescimento nulo em 2021 antes de regressar à expansão