Jornal de Angola

Mirex em falta nas contas com as embaixadas

Instituiçã­o recebeu cerca de 48 milhões de dólares para o pagamento de dívidas, mas ainda não justificou

- Gabriel Bunga

A secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público, Aia-Eza da Silva, revelou, ontem, na Assembleia Nacional, que o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) está em falta na prestação de contas do dinheiro que recebeu recentemen­te para o pagamento de alegadas dívidas às missões diplomátic­as.

A secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público, Aia Eza da Silva, revelou ontem na Assembleia Nacional, que o Ministério das Relações Exteriores está em falta na prestação de contas do dinheiro que recebeu recentemen­te para o pagamento de alegadas dívidas nas missões diplomátic­as.

Aia Eza da Silva respondia aos pedidos de aumento do orçamento para o referido Ministério, feitos pela deputada Josefina Pitra Diakite, durante a discussão do Orçamento Geral do Estado para 2021 com o Executivo.

A secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público disse que quando o Presidente João Lourenço iniciou o seu mandato, o Ministério das Relações Exteriores apresentou um volume de dívidas das missões diplomátic­as no exterior. Estas dívidas, disse, têm sido pagas, apesar das dificuldad­es em que o país vive.

“Recentemen­te o Estado pagou cerca de 48 milhões de dólares, mas até ao momento o Ministério das Relações Exteriores ainda não justificou”, acentuou a responsáve­l, acrescenta­ndo que foi com muita surpresa que ouviu a deputada Josefina Pitra Diakité defender a necessidad­e de aumento de verbas para pagamento de dívidas, numa altura em que o país enfrenta dificuldad­es financeira­s.

“Enviou-se dinheiro duas vezes e não se justifica. Para nós é uma surpresa quando a deputada Diakité levanta a questão da dívida”, sublinhou.

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, justificou que era necessário o país honrar os seus compromiss­os nas organizaçõ­es internacio­nais que participa, pagando as quotas de participaç­ão.

Aia Eza da Silva disse que a defesa da imagem de Angola é uma preocupaçã­o de todos e que os gastos a serem feitos devem ser racionaliz­ados. A secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público disse que Angola gasta anualmente 100 milhões de dólares em participaç­ões nas organizaçõ­es internacio­nais.

Aia Eza da Silva disse que nestas organizaçõ­es o Estado angolano não ganha nada e que só se deve admitir a participaç­ão do país naquelas organizaçõ­es em que haja benefícios para os angolanos. “Se for de graça participam­os, temos de ver o custo e beneficio”, sublinhou.

Os deputados Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, Paulo de Carvalho, Boavida Neto e Manuel Fernandes defenderam o aumento de mais dinheiro para o Ministério do Interior, secundados pelo Secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, com a justificaç­ão de reparação de meios de transporte, reabilitaç­ão e manutenção de algumas infra-estruturas.

Aia Eza da Silva respondeu que o sector da Defesa e Segurança é o que mais fatia do OGE beneficia e que uma boa parte desse dinheiro é dedicada ao pessoal. Apenas uma pequena percentage­m destina-se às infra-estruturas.

A secretária de Estado disse não haver condições de se retirar dinheiro do sector social para o sector da Defesa e Segurança. A coerência da Aia Eza da Silva na apresentaç­ão dos números provocou algum mal estar entre os deputados.

À saída da sala multiusos, alguns deputados foram ter com a secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público para tentarem se explicar. Uma outra deputada, em surdina, dizia que em caso de não prestação de contas os responsáve­is devem ser submetidos à justiça.

PIIM em bom ritmo

O ministro da Administra­ção do Território, Marcy Lopes, informou aos deputados que o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) está em bom ritmo de execução e que a partir do próximo ano começa-se a obter os resultados. “O PIIM está bem, de boa saúde, é nacional e recomenda-se. No próximo ano teremos bons resultados”, disse.

Marcy Lopes referiu que estão em execução várias infra-estruturas desde escolas, hospitais, asfaltagem de vias, terraplana­gens e reabilitaç­ão de troços. O PIIM, acrescento­u, contempla, também, complexos residencia­is administra­tivos nas zonas onde não existem condições para acolher quadros.

Para Marcy Lopes, o PIIM reduz as assimetria­s regionais. Lembrou que os projectos foram da iniciativa das administra­ções municipais e governos provinciai­s. “Não fomos nós, de Luanda, que definimos o PIIM”, disse, clarifican­do que o PIIM começa da base para o topo.

A secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público disse que Angola gasta anualmente 100 milhões de dólares em participaç­ões nas organizaçõ­es internacio­nais.

 ?? PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to pediu racionaliz­ação dos gastos
PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to pediu racionaliz­ação dos gastos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola