Jornal de Angola

ACNUR pede acesso urgente a toda a região de Tigray

Depois de confirmada a ocupação de Tigray pelas forças governamen­tais etíopes, o ACNUR quer ter acesso à região para ajudar a evitar uma catástrofe humanitári­a

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O Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse, ontem, que não teve acesso à região de Tigray e exortou as autoridade­s etíopes a permitirem a assistênci­a aos deslocados pelo conflito, o mais rápido possível.

Em conferênci­a de imprensa no Sudão, referida pela Efe, no final de uma visita de três dias às zonas fronteiriç­as com a Etiópia, onde já chegaram 44 mil refugiados, o alto comissário Filippo Grandi disse que é “muito importante” poder aceder às zonas de conflito para prestar assistênci­a aos deslocados o mais rápido possível.

Depois de falar com etíopes que fugiram para o Sudão, o alto comissário disse que eles “têm medo da guerra e das represália­s por serem tigris” e que abandonara­m as casas com as roupas que tinham no corpo, deixando para trás os seus pertences, em plena época de colheitas, perdendo tudo o que tinham.

No entanto, Grandi não confirmou os relatos de supostas violações dos direitos humanos no Tigray, pelas forças etíopes, na ofensiva contra os rebeldes, até que sejam “verificado­s” pela Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU).

No que se refere à fuga, os refugiados enfrentam “obstáculos” como postos de controlo militar a caminho do Sudão, afirmou Grandi, mas ainda não foram impedidos de entrar no país vizinho, segundo informaçõe­s de que dispõe.

O alto comissário visitou, sábado, o campo de refugiados de Um Rakuba, a cerca de 70 quilómetro­s da fronteira com a Etiópia e que acolhe, pelo menos, 10 mil pessoas, ao mesmo tempo que o ACNUR tem estabeleci­do contactos com as autoridade­s sudanesas, para implementa­r outros campos em áreas seguras e protegidas, não muito longe da fronteira.

Segundo Filippo Grandi, os refugiados querem voltar às suas casas o mais rápido possível, mas, por enquanto, não há certeza de que permanecer­ão na área de fronteira “militariza­da”. Aquele responsáve­l avaliou em cerca de 150 milhões de dólares a quantia necessária para acudir a esta esperada crise humanitári­a.

O alto comissário agradeceu, ainda, ao Sudão, por manter as fronteiras abertas aos refugiados, mas sublinhou que o país não consegue fazer face a esta crise, devido à sua situação interna e porque já acolhe vários milhares de refugiados e deslocados.

Por este motivo, “a assistênci­a está a ser organizada” pelo ACNUR, por outras agências da ONU e por organizaçõ­es humanitári­as, mais de três semanas após o início da ofensiva do Exército etíope contra a região de Tigray, no Norte do país e na fronteira com o Sudão e com a Eritreia.

O responsáve­l demonstrou-se também confiante de que o ACNUR vai começar a receber fundos, depois de ter solicitado cerca de 147 milhões de dólares para ajudar os refugiados etíopes, que, estima, possam atingir os 100 mil num período de seis meses.

“Temos de planear a resposta humanitári­a para solicitar financiame­nto, mas isso não significa que o conflito vá durar seis meses”, esclareceu Grandi, que espera que o número de refugiados não atinja a estimativa do ACNUR.

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DR Ofensiva das forças militares etíopes preocupa agência das Nações Unidas que teme uma crise humanitári­a em Tigray

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