Idosos em tempos de grandes carências
O país assinalou, ontem, o Dia Nacional do Idoso, data instituída em 10 de Janeiro de 2005, com vista a uma profunda reflexão, promoção e protecção dos direitos humanos da pessoa idosa. Em Angola, as autoridades apontam o registo de 941 mil idosos, entendidos como pessoas dos 60 anos para cima. Os nossos idosos têm as condições essenciais para uma velhice tranquila? A resposta é um redondo não. Não há, no país, garantias para uma velhice tranquila, mesmo para aquelas pessoas que durante toda uma vida trabalharam para isso. E as razões são mais do que muitas. A começar pela política de rapina que deu carta branca a um grupo restrito de servidores públicos para levar ilicitamente fora do país milhões e milhões de dólares, para proveito próprio. Se todo esse dinheiro fosse aplicado em programas de desenvolvimento económico e social, seguramente que Angola teria hoje os idosos mais felizes do mundo. Não haveria tanta miséria entre as famílias angolanas, muitas das quais se têm aproveitado das circunstâncias para expulsar de casa as pessoas idosas, com o falso e condenável argumento de serem feiticeiras. Se em tempos de bonança, a situação dos angolanos, em geral, e dos idosos, em particular, já era difícil, agora, com a pandemia da Covid-19, as coisas pioraram. E, em boa verdade, não se pode dizer que não haja vontade política para melhorar as condições de vida das angolanos, em geral, e das pessoas idosas, em particular. O que não há é dinheiro para melhorar as condições de vida da maioria dos cerca de 30 milhões de angolanos. O que consola, todavia, é que o actual Governo, saído das eleições de 2017, muitas vezes incompreendido, está apostado em reverter a situação, criando condições legais para que o país tenha rapidamente de volta os biliões de dólares e euros que lhe foram roubados, durante anos a fio, por indivíduos que se consideravam os únicos com o direito divino de fruir das enormes riquezas de Angola.