Produtores esperam por defesa dos preços
Os desafios que se colocam ao mandato do ministro angolano requerem o firme apoio dos parceiros
As metas esperadas da presidência angolana da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que, a partir de Janeiro, se estende por um ano, residem na promoção da prosperidade do sector petrolífero e da economia global, do que podem beneficiar os países produtores com orçamentos altamente dependentes das receitas da matéria-prima.
Esta e outras expectativas vêm enumeradas num artigo do presidente da Câmara de Energia Africana (CEA), Sérgio Pugliese, consultado ontem pelo Jornal de Angola, no qual se considera que as opções do ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, que lidera a presidência angolana do cartel, partem do pressuposto de encarar, como um desafio, a reversão da queda dos preços de 31 por cento observada durante este ano.
Nessa acepção, prevê o artigo, “a tarefa da OPEP é garantir que os mercados globais de petróleo se estabilizem em 2021 e levem a uma recuperação dos preços globais”, algo que, “agora, recai sobre os ombros de Diamantino Azevedo” e “representa um desafio significativo para todos os membros da OPEP, especialmente aqueles cujas receitas dependem fortemente do sector petrolífero, como Angola”.
O ministro angolano, realça o autor, já “construiu uma reputação, nos últimos anos, de ser um gestor e eficaz executor da reforma no sector do Petróleo e Gás de Angola”, havendo confiança que “Diamantino Azevedo empregará o mesmo fervor que usou para reformar o sector petrolífero angolano, ao conduzir a OPEP no sentido de alcançar a tão necessária estabilidade do mercado global de petróleo”.
Mas Diamantino Azevedo e a presidência angolana da OPEP vão precisar de algo fundamental: do apoio dos países africanos, diante das condicionantes da Covid-19, que levaram à queda da actividade económica global, do que resultou o colapso dos preços do petróleo, o crescimento da produção de petróleo não convencional por meio de avanços tecnológicos recentes e a pressão de grupos ocidentais de “lobby” para a descarbonização.
Esta última, declara o autor, é uma ameaça com potencial para matar a indústria do petróleo, sob o pretexto de salvar o planeta, a qual também exigirá uma resposta coordenada dos produtores de petróleo.
Ao realçar a necessidade de apoio dos produtores, o artigo estabelece uma analogia com o mercado mundial do café, afirmando que “não é preciso ir muito longe para ver como a ausência de uma organização como a OPEP fez com que os produtores africanos ficassem à mercê dos mercados globais de café”.
Angola, que já foi um grande produtor e exportador de café, com uma produção total de 230 mil toneladas, viu sua indústria cafeeira quase desaparecer, passando a produzir, actualmente, pouco mais de oito mil toneladas por ano.
Indústria espera que o ministro utilize, na OPEP, a mesma impetuosidade que usou para reformar o sector em Angola
Insistindo na necessidade de apoio dos parceiros, a matéria lembra que, à semelhança de muitas outras nações produtoras da OPEP, o crescimento económico de Angola é negativo, em 2020, com a previsão do Banco Mundial apontar para um recuo de 4,00 pontos percentuais negativos.
“É, portanto, do interesse de Angola e de África que o sector africano da Energia dê ao ministro Diamantino todo o apoio necessários para garantir a estabilização dos mercados de petróleo e conduzir a um aumento constante dos preços em 2021”, lê-se no artigo.
A conclusão a que o autor chega é a de que o sector energético angolano e africano deve apoiar Diamantino Azevedo durante o mandato, para garantir a estabilidade do mercado em 2021: “é do interesse de África e é bom para a criação de empregos”.
O espectro do apoio necessário é, entretanto, muito maior, declara-se na análise, on de também se aponta a importância da aliança OPEP+, que consiste nos 13 membros da OPEP e 10 das principais nações não exportadoras de petróleo do mundo, que se uniram com o único objectivo de garantir a estabilidade do mercado e o máximo retorno de receita para os países produtores de petróleo.