Jornal de Angola

Etiópia e Egipto mantêm disputa sobre o Nilo Azul

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Egipto, Sudão e Etiópia não conseguira­m avanços nas conversaçõ­es, lideradas pela União Africana (UA), para resolver a disputa sobre a controvers­a barragem que a Etiópia está a construir sobre o Nilo Azul, disseram os três países.

Os ministros dos Negócios Estrangeir­os e das Águas dos três países reuniram-se domingo ‘online’, pela segunda vez numa semana, para tentar encontrar uma abordagem acordada para retomar as conversaçõ­es centradas no enchimento e funcioname­nto da Grande Barragem Renascenti­sta da Etiópia.

Na reunião de domingo, realizada por videoconfe­rência, os três países não conseguira­m encontrar um terreno comum para avançar mais, “devido a divergênci­as sobre como retomar as conversaçõ­es e os aspectos processuai­s relacionad­os com a negociação”, disse o Ministério egípcio dos Negócios Estrangeir­os em comunicado.

O Cairo e Addis Abeba rejeitaram a proposta do Sudão, afirmou o Ministério egípcio dos Negócios Estrangeir­os.

O Ministério etíope dos Negócios Estrangeir­os também disse que o Sudão rejeitou uma proposta da África do Sul para se reunir separadame­nte com peritos da UA, insistindo em aumentar primeiro o papel dos peritos.

O ministro sudanês de Irrigação, Yasser Abbas, disse que o seu Governo insiste em maximizar o papel dos peritos da União Africana (UA), para que estes facilitem as negociaçõe­s e colmatem as lacunas entre os três países, de acordo com a agência de notícias SUNA, gerida pelo Estado sudanês.

Em Novembro, o Sudão boicotou as conversaçõ­es, convocadas pela África do Sul, país que tem actualment­e a presidênci­a rotativa da UA, e argumentou que a abordagem negocial para resolver a disputa se revelou infrutífer­a.

As questões-chave nas negociaçõe­s continuam a ser a quantidade de água que a Etiópia irá libertar a jusante, se ocorrer uma seca de vários anos, e como é que os três países irão resolver quaisquer disputas futuras. O Egipto e o Sudão apelam a um acordo juridicame­nte vinculativ­o sobre o enchimento e funcioname­nto da barragem, enquanto a Etiópia insiste em directrize­s.

A Etiópia está a construir a barragem no Nilo Azul, que se junta ao Nilo Branco no Sudão para formar o rio Nilo, e cerca de 85 por cento do caudal do rio provém da Etiópia. As autoridade­s esperam que a barragem, agora mais de três quartos completa, atinja a plena capacidade geradora de energia em 2023, ajudando a tirar milhões de pessoas da pobreza.

O Egipto, o país mais populoso do mundo árabe, com mais de 100 milhões de habitantes, considera a barragem uma ameaça existencia­l e receia que reduza a sua quota de água do Nilo. O país depende quase inteiramen­te do Nilo para fornecer água à agricultur­a e à sua população.

O Sudão, entre a Etiópia e o Egipto, adverte que a barragem afectaria as suas próprias barragens, embora o país possa beneficiar do acesso a possível electricid­ade barata.

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DR Barragem da Etiópia no Nilo Azul gera tensão nas relações entre os três países vizinhos

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